Fachada do Sítio Santa Bárbara, em Atibaia, que a PF diz ser de Lula (Cedoc/RAC)
Um relatório da Polícia Federal que analisou mensagens de telefone do ex-presidente da OAS José Aldemário Pinheiro, o Léo Pinheiro, e do engenheiro Paulo Gordilho reforça indícios de que obras no Sítio Santa Bárbara, em Atibaia, e no triplex do Edifício Solaris, no Guarujá, foram realizadas pela empreiteira sob orientação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua mulher, Marisa Letícia, inclusive com o pedido de construção de uma “igrejinha” na propriedade rural. Para a Operação Lava Jato, o imóveis são bens ocultos de Lula — sua defesa nega taxativamente. “Importante ressaltar que em uma das conversas, Paulo Gordilho (engenheiro da OAS) ao ser questionado por sua filha quando iria visitá-la responde negativamente pois de acordo com próprio Paulo Gordilho ‘estão inventando mais coisa’, logo após menciona que seria construção de uma ‘igrejinha’ que ainda faria projeto da mesma”, registra relatório de análise 329/2016, da PF de Curitiba, base da Lava Jato. O documento foi anexado na quarta-feira ao inquérito que apura supostas reformas realizadas pela OAS no sítio de Atibaia e no triplex do Guarujá, que para a força-tarefa da Lava Jato pertencem a Lula e receberam benfeitorias de empresas acusadas de cartel e corrupção na Petrobras. “Em troca de mensagens com sua filha, Isnaia, Paulo Gordilho corrobora, além de sua atuação em obras no sítio em Atibaia/SP, sua relação com empresa Kitchens, empresa esta qual teria sido responsável pela fabricação montagem da cozinha instalada no referido local”, destaca a análise da PF. No mesmo diálogo via mensagens de celular, Gordilho “conta que seu trabalho em Atibaia está ficando pronto, referindo-se montagem da cozinha Kitchens ao conserto do lago também no sítio”. Em outro diálogo do engenheiro, ele afirma que costuma ir “2 vezes por semana” ao sítio, ao ser indagado sobre a frequência de suas idas a Atibaia. Nesta semana, a Procuradoria-Geral da República (PGR) encerrou negociações preliminares com os executivos da OAS, após um suposto anexo que citava o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), ter sido publicada pela revista Veja. Em mensagens entre Gordilho e Léo Pinheiro, a PF também identificou que o conteúdo sugere que “Lula possuía influência importante nas obras no sítio em Atibaia” e faz menção ao projeto da “capela”, na parte alta da propriedade rural, “pra 7 a 8 pessoas”. “Léo Pinheiro questiona Paulo Gordilho se ‘o outro tema está indo bem’, fazendo referência aos trabalhos de Paulo Gordilho em Atibaia. Mais adiante, Paulo Gordilho relata que ‘nosso tema pediu pra fazer uma capela’, conteúdo este que coincide com tema das mensagens trocadas via WhatsApp entre Paulo Gordilho sua filha, Isnaia Gordilho”, registra o documento ao resumir o diálogo. O advogado José Roberto Batochio, que coordena a estratégia de defesa de Lula, afirma que a Justiça Federal no Paraná, base da Operação Lava Jato, não detém competência para conduzir os feitos relativos ao petista.