em 2016

Falhas em hospitais brasileiros mataram 302 mil

Foram, em média, 829 mortes por dia, uma a cada minuto e meio. Dentro das instituições de saúde, as chamadas mortes por eventos adversos ficam atrás daquelas provocadas por problemas no coração

Agência Brasil
25/11/2017 às 21:59.
Atualizado em 23/04/2022 às 00:29
Paciente aguarda atendimento em corredor de hospital brasileiro: 829 pessoas morreram por dia ano passado (Divulgação)

Paciente aguarda atendimento em corredor de hospital brasileiro: 829 pessoas morreram por dia ano passado (Divulgação)

Falhas banais como erros de dosagem ou de medicamento, uso incorreto de equipamentos e infecção hospitalar mataram 302.610 pessoas nos hospitais públicos e privados brasileiros em 2016. Foram, em média, 829 mortes por dia, uma a cada minuto e meio. Dentro das instituições de saúde, as chamadas mortes por “eventos adversos” ficam atrás daquelas provocadas por problemas no coração. A conclusão faz parte do Anuário da Segurança Assistencial Hospitalar no Brasil do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), produzido pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O número diário supera as 129 pessoas que morrem em decorrência de acidentes de trânsito no País, 164 mortes provocadas pela violência e cerca de 500 registros de mortos por câncer, e fica atrás das 950 vítimas de doenças cardiovasculares.  Além das mortes, os eventos adversos impactam cerca de 1,4 milhão de pacientes todo ano com sequelas que comprometem as atividades rotineiras e provocam sofrimento psíquico. Esse efeitos também elevam os custos da atividade assistencial. O Anuário estima que os eventos adversos resultaram em gastos adicionais de R$ 10,9 bilhões em 2016. O problema está no radar da Organização Mundial de Saúde (OMS). Estudos mostram que anualmente morrem 42,7 milhões de pessoas em razão de eventos adversos no mundo. Nos Estados Unidos, por exemplo, a situação não é muito diferente da brasileira. Com população aproximada de 325 milhões de pessoas, o país registra 400 mil mortes por eventos adversos ao ano, 1.096 por dia, ou 16% menos que nos hospitais brasileiros. A diferença para o Brasil diz respeito às mortes hospitalares  que são a terceira do ranking americano, atrás de doentes cardíacos e de câncer. Transparência “Não existe sistema de saúde que seja infalível. Mesmo os mais avançados também sofrem com eventos adversos. A diferença é que, no caso brasileiro, apesar dos esforços, há pouca transparência sobre essas informações e, sem termos clareza sobre o tamanho do problema, fica muito difícil começar a enfrentá-lo”, afirma Renato Couto, professor da UFMG, um dos responsáveis pelo Anuário. Quanto à transparência, Luiz Augusto Carneiro, superintendente executivo do IESS, diz que hoje, no Brasil, quando um hospital é escolhido, a decisão é baseada numa percepção de qualidade ou por recomendação de amigos os médicos. Mas o leigo não tem como avaliar a qualificação daquela instituição. “Não há como saber quantas infecções hospitalares foram registradas no último ano, qual é a média de óbitos por diagnóstico, e de reinternações e por aí afora”, critica Carneiro. “Precisamos estabelecer um debate nacional sobre a qualidade dos serviços prestados na saúde a partir da mensuração de desempenho dos prestadores e, assim, prover o paciente com o máximo possível de informações para escolher a quem vai confiar os cuidados com sua vida,” disse. Ministério libera novos remédios contra Parkinson O Ministério da Saúde aprovou um novo protocolo clínico que inclui mais dois tipos de medicamentos contra o Mal de Parkinson: Rasagilina (1mg) e Clozapina (25mg e 100 mg). Criado em 2002, o Protocolo Clínico de Diretrizes Terapêuticas sobre Parkinson define como deve ser o tratamento multidisciplinar e mostra os diversos sinais e sintomas da doença. Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 200 mil pessoas sofrem com a doença no País, e a inclusão desses fármacos visa a melhorar a qualidade de vida desses pacientes, minimizando os transtornos causados pela doença. A previsão é de que a Rasagilina possa ser colocada à disposição da população até o final de fevereiro do próximo ano. A Clozapina já é adotada no Sistema Único de Saúde (SUS) em casos de transtorno bipolar e esquizofrenia, e será distribuído para o controle de sintomas psicóticos das pessoas com Parkinson. O gasto estimado com os dois fármacos é de R$ 17,91 milhões. (AB)

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