INTERNACIONAL

Ex-presidente catalão Puigdemont é detido na Alemanha

O ex-presidente independentista catalão Carles Puigdemont, acusado de rebelião pela Justiça espanhola e alvo de uma ordem de prisão europeia, foi detido neste domingo (25) na Alemanha, quando cruzava de carro a fronteira da Dinamarca

AFP
25/03/2018 às 16:00.
Atualizado em 23/04/2022 às 07:31

O ex-presidente independentista catalão Carles Puigdemont, acusado de rebelião pela Justiça espanhola e alvo de uma ordem de prisão europeia, foi detido neste domingo (25) na Alemanha, quando cruzava de carro a fronteira da Dinamarca.Sua prisão provocou manifestações na Catalunha. Milhares de seus seguidores se juntaram nas Ramblas, famosa avenida do centro de Barcelona, a pedido do grupo independentista radical Comitês de Defesa da República.A multidão, que carregava bandeiras separatistas e cartazes onde lia-se "liberdade aos presos políticos", se dirigiu depois para a delegação da Comissão Europeia em Barcelona, onde gritava: "esta Europa é uma vergonha!"."O que estão fazendo esses dias é totalmente desmedido. Nos tratam como criminosos por querermos a independência. Já não é uma questão de ideologia, mas de respeito aos direitos humanos", disse, chorando, Rosa Vela, uma professora de 60 anos.Judith Cárpena, de 22 anos e estudante de Arquitetura, advertiu os que se opõem à independência da Catalunha: "não cantem vitória, não é o fim do separatismo. O independentismo é liderado pelo povo, e não podem prender todos nós. Haverá outros Puigdemont".- Crime de 'rebelião' -Puigdemont "foi preso às 11h19 (6h19 de Brasília) por uma patrulha da polícia de trânsito em Schleswig-Holstein", um estado do norte da Alemanha, indicou o porta-voz da Polícia alemã, explicando que a prisão foi realizada em virtude de uma ordem europeia."Me ligou esta manhã para dizer que havia sido detido na Alemanha, perto da fronteira com a Dinamarca", declarou seu advogado belga, Paul Bekaert, à televisão catalã. "Vinha da Finlândia, de onde havia participado de uma conferência com estudantes. Será apresentado a um juiz que decidirá em 48 horas se deve ser preso ou colocado em liberdade condicional", acrescentou.Pouco depois a Procuradoria alemã anunciou que Puigdemont comparecerá na segunda-feira ante o juiz.Na sexta-feira, o juiz espanhol que instrui a causa contra a cúpula separatista catalã, Pablo Llarena, confirmou a acusação de "rebelião" contra 13 responsáveis, entre eles Puigdemont.Llarena acusou ao todo 25 dirigentes, 12 deles por delitos menores, como o de "desobediência". O magistrado emitiu e reativou ordens de detenção europeias e internacionais contra seis responsáveis separatistas que fugiram ao exterior, entre eles Puigdemont.O crime de rebelião pode ser punido com até 30 anos de prisão na Espanha, e sua aplicação no caso catalão é polêmica, já que pressupõe um "levante violento" que, segundo muitos juristas, jamais ocorreu na Catalunha.O juiz acusa Puigdemont de ter organizado o referendo de autodeterminação de 1º de outubro apesar de sua proibição e do "grave risco de incidentes violentos". As imagens das duras ações policiais daquele dia deram a volta ao mundo.O dirigente foi destituído da presidência catalã pelo governo de Madri após a frustrada declaração de independência de 27 de outubro. Depois se exilou voluntariamente na Bélgica, onde mora desde então.A tentativa de criar uma república separada da Espanha acabou com a perda temporária de autonomia da Catalunha, atualmente controlada de maneira direta pelo governo espanhol.- Serviços de Inteligência espanhóis -Puigdemont havia viajado para a Finlândia, cujas autoridades receberam a ordem de detenção europeia emitida pela Justiça espanhola. Ele esteve em Helsinque para se reunir com deputados deste país e participar de um seminário na universidade da capital finlandesa.O ex-presidente catalão viajou para a Dinamarca em janeiro e para a Suíça em março, mas não sofreu nenhum contratempo.Mas, ao menos nesta ocasião, era seguido pelos serviços de Inteligência espanhóis, que alertaram seus equivalentes alemães. "Puigdemont foi detido na Alemanha graças a uma operação conjunta da polícia e do CNI (Centro Nacional de Inteligência espanhol)", confirmou a polícia alemã em um tuíte. A detenção de Puigdemont supõe um novo revés para os independentistas catalães. No dia anterior, o Parlamento catalão havia suspendido a posse de um novo presidente regional pela prisão do candidato separatista Jordi Turull, outro dos atingidos pelo duro golpe golpe judicial contra a cúpula secessionista, que afunda a Catalunha em um novo bloqueio político.A intervenção do governo central de Madri na Catalunha continuará até que os separatistas - maioria parlamentar nas eleições regionais de 21 de dezembro - escolham um presidente, e este forme um governo. Se não conseguirem isso até 22 de maio, a região deverá realizar novas eleições.

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