A ilha comunista, que estava entre os piores países em 2003, foi promovida à "lista de observação", junto com outros 40 países que se esforçaram para cumprir normas
Estados Unidos dizem que Cuba se esforça para reduzir o tráfico de pessoas (Yamil Lage/France Press)
Os Estados Unidos reconheceram os esforços de Cuba para combater o tráfico sexual e melhoraram a nota da ilha em sua classificação sobre a matéria, segundo relatório do departamento de Estado divulgado nesta segunda-feira. Cuba foi retirada da lista negra devido "aos avanços que o governo fez ao investigar o tráfico sexual, assim como o compromisso do governo para cumprir com os padrões mínimos", afirmou a subsecretária de Estado para Direitos Humanos, Sarah Sewall.A ilha comunista, que estava entre os piores países em 2003, foi promovida à "lista de observação", junto com outros 40 países que o departamento de Estado considera que fizeram esforços para cumprir com as normas internacionais contra o tráfico de pessoas, mas que exibem pouca evidência de avanços ou o número de vítimas é ainda significativo. RelatórioSegundo o relatório do Departamento de Estado, crianças e adultos estão sujeitos ao tráfico sexual e ao trabalho forçado em Cuba, incluindo denúncias de médicos obrigados a participar nos programas de cooperação internacional. "A melhor classificação não significa que o país esteja livre do tráfico", destacou Sewall, que também advertiu sobre a preocupação de Washington porque Havana não reconhece o trabalho forçado como um problema.Sewall afirmou que a situação do tráfico de pessoas fará parte das próximas negociações sobre direitos humanos entre Estados Unidos e Cuba, que na semana passada restauraram relações diplomáticas depois de mais de meio século de hostilidades.Esforços insuficiente na VenezuelaPor outro lado, os Estados Unidos mantiveram pelo segundo ano consecutivo a Venezuela na lista negra, ao considerar que Caracas não cumpre com os padrões mínimos e não faz esforços significativos para reparar essa situação. A Venezuela se une à Rússia, Tailândia, Líbia, assim como Argélia, Síria, Iêmen e Coreia do Norte e outros 16 países nos piores lugares da lista compilada pelo departamento de Estado.A maioria já estava na parte mais baixa da classificação que todos os anos a diplomacia americana realiza com 188 países. Os países na categoria 3, a mais baixa, são aqueles cujos governos não cumprem com as normais internacionais contra o tráfico e "não realizam esforços significativos", assinala o relatório de 382 páginas.A Rússia se encontra nesta categoria desde 2013, enquanto que a China foi elevada, em 2014, à "lista de observação, onde se manteve este ano.Luta contra escravidão modernaA maioria dos países da América Latina está na categoria 2, admirados por seus esforços para cumprir com as normas internacionais, apesar de não conseguirem de todo. O Brasil se encontra nesta categoria. Chile é o único país da região na categoria 1, junto com a maioria dos países europeus e a Austrália, por sua luta contra o tráfico de pessoas e adesão à totalidade dos padrões internacionais. Segundo a Organização Internacional do Trabalho, o tráfico de pessoas representa uma indústria de 150 bilhões de dólares por ano, incluindo 99 bilhões apenas pelo tráfico sexual.Washington calcula que 20 milhões de pessoas são vítimas da escravidão. "O tráfico de pessoas é um insulto à dignidade humana e um ataque contra a liberdade", assinalou o secretário de Estado John Kerry no relatório, no qual defendeu "uma luta contra a escravidão moderna".