O governo dos Estados Unidos disse estar no caminho para reunir, antes do vencimento do prazo na quinta-feira (25), famílias imigrantes que foram separadas ao cruzarem a fronteira mexicana, mas centenas de casos não são "elegíveis" para esse reencontro, e vários pais podem ter sido deportados
O governo dos Estados Unidos disse estar no caminho para reunir, antes do vencimento do prazo na quinta-feira (25), famílias imigrantes que foram separadas ao cruzarem a fronteira mexicana, mas centenas de casos não são "elegíveis" para esse reencontro, e vários pais podem ter sido deportados.Pelo menos 917 casos não são "elegíveis" para serem reunidos, ou ainda não se sabe se estão nessa categoria, indicou um informe do governo divulgado na segunda-feira. Deles, 463 pais podem estar fora do país, alguns provavelmente deportados sem seus filhos.O governo considera "inelegíveis" reuniões familiares, cujos vínculos não tenham podido ser confirmados, ou se os pais têm antecedentes criminais, sofrem de doença contagiosa, ou não foram localizados.Na terça-feira, os advogados do governo disseram ao juiz federal Dana Sabraw que 1.012 pais reencontraram seus filhos e que esperam reunir, no total, mais de 1.600 famílias "elegíveis" antes do vencimento do prazo amanhã.Mas "os outros 917 casos, incluindo os 463 que podem não estar nos Estados Unidos, não serão reunidos antes do prazo", disse Adam Isacson, da Washington Office on Latin America, à AFP."Caberá ao juiz Sabraw decidir se aprova isso, ou não", completou.A política de "tolerância zero" do presidente Donald Trump provocou a detenção em massa dos imigrantes que entravam no país pela fronteira sul, ilegalmente, ou pedindo asilo. A medida levou à separação de pais e filhos, a maioria no período de abril e junho deste ano.As crianças foram enviadas para abrigos do Departamento de Saúde e Serviços Humanos (HHS, na sigla em inglês) espalhados por todo país, enquanto os adultos iam para centros de detenção muitas vezes a milhares de quilômetros de distância dos filhos.Esta prática provocou uma onda de condenações nacionais e internacionais. Trump recuou em 20 de junho, quando ordenou o fim da separação familiar."Estamos trabalhando de braços dados com o HHS e certamente temos a intenção de reunir todas as famílias que pudermos", disse na terça a secretária do Departamento de Segurança Interna, Kirstjen Nielsen, em entrevista ao canal Fox News.Isacson advertiu que localizar esses pais no México, ou na América Central, será um trabalho difícil."Há uma tarefa monumental pela frente. Primeiro, precisam de uma lista dos nomes dos pais deportados, o que o ICE aparentemente não tinha ontem (terça). Depois, tem que localizar de alguma maneira pessoas que foram desembarcadas em aeroportos centro-americanos sem expectativas de voltar a vê-las", afirmou.- Onde estão os pais? -O juiz Sabraw ordenou ao governo que entregue, antes de sexta-feira, detalhes sobre os 463 pais possivelmente deportados sem seus filhos."A falta de transparência da administração de Trump está se aproximando de um bloqueio", denunciou Lee Gelernt, advogado da maior organização de defesa dos direitos civis no país, a ACLU, que apresentou uma ação contra o governo para exigir a reunificação familiar."Não esqueçamos de que a garantia do governo de que cumprirá o prazo de reunificação está baseada no fato de que está excluindo os pais que não pode localizar", disse em um comunicado.Há um mês, o juiz Sabraw determinou que o governo devolvesse as crianças às respectivas famílias: os menores de cinco anos até 10 de julho, e aqueles entre 5 e 17 anos, até 26 de julho.O primeiro prazo expirou, sem que o governo tivesse conseguido entregar todas as crianças menores de cinco anos: 45 delas foram consideradas "inelegíveis".Até esta terça, o Departamento de Saúde tinha sob sua custódia, em abrigos em todo país, 11.500 crianças classificadas como "menores sem acompanhante" (UAC, na sigla em inglês), confirmou um porta-voz à AFP.Isso inclui crianças e adolescentes que viajaram sem um adulto para os Estados Unidos, assim como crianças que cruzaram a fronteira com suas famílias, foram separados delas e reclassificadas como "UAC" ao serem enviadas para os refúgios.Para 16 de julho, o órgão de migração ICE tinha sob custódia 44.210 imigrantes adultos em todo país.lm/gv/tt