Os 630 imigrantes resgatados pelo Aquarius na costa da Líbia vão chegar finalmente neste domingo às 6h locais (1h de Brasília) ao porto espanhol de Valencia (leste), após um longo périplo pelo Mediterrâneo, e alguns deles podem ser recebidos pela França
Os 630 imigrantes resgatados pelo Aquarius na costa da Líbia vão chegar finalmente neste domingo às 6h locais (1h de Brasília) ao porto espanhol de Valencia (leste), após um longo périplo pelo Mediterrâneo, e alguns deles podem ser recebidos pela França.O Aquarius e os dois navios militares italianos que lhes transportam navegam, atualmente, em águas espanholas. Segundo o subdiretor geral de Emergência do governo regional, Jorge Suárez, os barcos chegarão de forma escalonada "às 6h, 9h e 12h" locais (1h, 4h e 7h).Os imigrantes resgatados na noite de 9 de junho em frente à costa da Líbia pelo navio humanitário Aquarius terão um aparato para recebê-los, integrado por 2.320 pessoas, mil delas voluntárias da Cruz Vermelha e 470 tradutores. Eles encontrarão em Valencia, cidade de quase 800 mil habitantes, um enorme cartaz escrito "Benvindos a sua casa" em vários idiomas, inclusive árabe. "Não se pode deixar essas pessoas morrerem no mar. E se ninguém quiser receber, temos que recebê-los", disse à AFP Pedro Martínez, aposentado espanhol de 62 anos.Entre os 630 imigrantes, há 450 homens adultos e 80 mulheres - pelo menos sete delas grávidas -, 11 crianças com menos de 13 anos e 89 adolescentes, segundo os últimos dados disponibilizados pelas autoridades da região de Valencia.Os imigrantes são provenientes de 26 países, 23 deles africanos, além de Afeganistão, Bangladesh e Paquistão e serão entrevistados para saber se são suscetíveis à proteção - embora a Espanha tenha alertado que imigrantes econômicos podem ser expulsos. - Oferta francesa -Os imigrantes que cumprirem os protocolos e manifestem seu desejo de ir" à França poderão fazê-lo, afirmou a vice-presidente do governo espanhol, Carmen Calvo, em nota, anunciando que Madri aceitava a oferta de Paris de receber parte deles. O novo presidente do governo espanhol, o socialista Pedro Sánchez, agradeceu o presidente francês Emmanuel Macron, que acontece no "marco de cooperação com o qual a Europa deve responder" à questão da imigração. Já o ministro do Interior italiano, Matteo Salvini, proibiu novamente o acesso aos portos italianos de dois navios de uma ONG provenientes da costa da Líbia, o que pode agravar as tensões europeias em torno da crise migratória.A recusa da Itália, em 10 de junho, de receber o Aquarius - fretado pelas ONGs SOS Méditerranée e Médicos Sem Fronteiras (MSF) - lançou a Europa em nova disputa política e levou a uma crise diplomática entre Paris e Roma.A tensão se acalmou nesta sexta-feira, quando Macron e o chefe de Governo italiano, Giuseppe Conte, almoçaram juntos em Paris. Mas, neste sábado, Salvini reacendeu as tensões."Enquanto o barco 'Aquarius' navega para a Espanha (aonde chegará no domingo), outros dois navios de uma ONG de bandeira holandesa (Lifeline e Seefuchs) chegaram em frente à costa líbia, à espera de seu carregamento de seres humanos abandonados por traficantes", declarou Salvini, que também é vice-primeiro-ministro e líder da Liga (extrema direita). "Que esses senhores saibam que a Itália já não quer ser cúmplice do negócio da imigração clandestina e que deverão buscar outros portos para se dirigirem. Como ministro e como pai, faço isso pelo bem de todos", acrescentou Salvini.