narcotráfico

'El Chapo' é condenado à prisão perpétua

O mexicano foi acusado de liderar um império criminoso que traficou toneladas de drogas para os Estados Unidos

France Press
12/02/2019 às 17:51.
Atualizado em 04/04/2022 às 23:59

Um júri de Nova York declarou, nesta terça-feira (12), culpado de todas as acusações El Chapo Guzmán, um dos chefes do tráfico mais famosos do mundo, após um enorme julgamento no qual o governo americano apresentou numerosas provas.Após um julgamento de três meses e 35 horas de deliberações ao longo de seis dias, o júri considerou que Joaquín "Chapo" Guzmán, de 61 anos e considerado o maior narcotraficante do planeta após a morte do colombiano Pablo Escobar, é culpado dos 10 crimes de narcotráfico, posse de armas e lavagem de dinheiro dos quais foi acusado.A lei americana assinala que pela gravidade das acusações, o ex-chefe do cartel de Sinaloa deve ser sentenciado à prisão perpétua obrigatória.O juiz Brian Cogan fixou a sua sentença para 25 de junho, mas a defesa anunciou que apelará do veredicto.Ao ouvir a decisão do júri, o ex-chefe do cartel de Sinaloa, olhou para sua jovem esposa Emma Coronel, mãe de suas gêmeas de sete anos, sorriu levemente para tranquilizá-la e colocou a mão direita no coração.Coronel, de 29 anos, levantou o polegar, cruzou as mãos no peito e soprou um beijo antes que os oficiais de justiça retirassem El Chapo rapidamente da sala.El Chapo "esperava este resultado", disse seu advogado Bill Purpura em uma coletiva de imprensa sob a neve em frente ao tribunal do Brooklyn."É um homem forte. Para o bem ou para o mal. É um cara que nunca se dá por vencido", acrescentou."Lutamos até o fim. Deixamos tudo no campo por Joaquín Guzmán", mas "as provas eram uma avalanche", afirmou outro de seus advogados, Jeffrey Lichtman. Grande vitória para o governo Nos próximos dias, El Chapo provavelmente será transferido para uma prisão no Colorado, ADX Florence, conhecida como "Alcatraz das Montanhas Rochosas" e considerada a prisão mais segura dos Estados Unidos.Promotores, chefes da agência antidrogas DEA, do FBI e de outras agências federais destacaram em uma coletiva de imprensa em frente ao tribunal que a condenação de El Chapo é um grande "vitória" para o governo americano, que nunca conseguiu extraditar e processar Escobar, ex-líder do cartel de Medellín que morreu em uma operação policial em 1993. El Chapo "é responsável por uma quantidade inimaginável de morte e destruição nos Estados Unidos e no México. Suas drogas destruíram muitas famílias americanas, apenas por cobiça (...) Esta é uma tremenda vitória", disse Uttam Dhillon, diretor interino da DEA.No entanto, apesar da captura e condenação de El Chapo, o cartel de Sinaloa segue de pé, seu coacusado Ismael "Mayo" Zambada continua fugitivo e a violência do narcotráfico não cessa no México, que teve um recorde de 33.341 homicídios dolosos no ano passado.Nos Estados Unidos, onde o uso de opiáceos se tornou uma epidemia, as mortes por overdose de drogas continuam subindo e atingiram uma média de 197 por dia em 2017. Melhor que uma novela O julgamento de El Chapo foi uma viagem a um dos maiores e mais impiedosos cartéis de drogas e à vida cotidiana do chefe na clandestinidade nas serras de Sinaloa, seu estado natal, um drama com um elenco impressionante: seus próprios protagonistas. A Promotoria convocou ao processo 56 testemunhas, desde ex-sócios de El Chapo a agentes do FBI, da DEA e de outras agências do governo, bem como funcionários de vários países latino-americanos.O júri ouviu conversas de El Chapo com seus sócios gravadas por delatores escondidos e outras interceptadas pelo governo, e leu dezenas de suas mensagens de texto criptografadas, assim como cartas que enviou ao seu braço direito da prisão. Também viu tijolos de cocaína, granadas, lançadores de granadas e fuzis de assalto apreendidos ou destinados ao chefe.Mas, sobretudo, ouviu inúmeros relatos da vida e obra de El Chapo contadas por 14 de seus ex-sócios: secretários, motoristas, um pistoleiro, um gerente, um contador, seus maiores fornecedores de cocaína na Colômbia, o maior traficante nos Estados Unidos, o seu chefe de comunicações e até uma ex-amante que fugiu com ele nu por um túnel. Estas testemunhas relataram como o chefe comprava toneladas de cocaína na Colômbia a 3.000 dólares o quilo, e transportava ao México em submarinos semi-submersíveis, aeronaves, barcos de pesca ou contêineres comerciais, às vezes com escalas em Equador, Guatemala, Belize, República Dominicana ou Honduras.E como a droga chegava finalmente aos Estados Unidos por túneis, escondida em latas de pimentas em trens, em caminhões de gasolina ou compartimentos secretos em automóveis, era revendida por até 35.000 o quilo. Tudo graças à cumplicidade de funcionários corruptos do México que receberam milhões em propinas, incluindo supostos ex-presidentes.

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