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Economia tem recuperação desigual

Ata do Copom indica incerteza sobre ritmo de crescimento de setores da economia no fim de ano

Agência Brasil
04/11/2020 às 11:26.
Atualizado em 27/03/2022 às 18:18
O setor da construção civil puxou a alta dos investimentos durante o mês de agosto, com porcentual de 16,6% (Elza Fiúza/Agência Brasil)

O setor da construção civil puxou a alta dos investimentos durante o mês de agosto, com porcentual de 16,6% (Elza Fiúza/Agência Brasil)

A economia brasileira apresenta recuperação desigual entre os setores, assim como ocorre em outros países, e ainda há incertezas sobre o ritmo de crescimento, principalmente a partir do fim de ano, quando deve terminar o efeito dos auxílios emergenciais pagos pelo governo. A avaliação é do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) e consta da ata da última reunião, divulgada ontem. “Os programas governamentais de recomposição de renda têm permitido uma retomada relativamente forte do consumo de bens duráveis e do investimento. Contudo, várias atividades do setor de serviços, sobretudo aquelas mais diretamente afetadas pelo distanciamento social, permanecem bastante deprimidas. Prospectivamente, a pouca previsibilidade associada à evolução da pandemia e ao necessário ajuste dos gastos públicos a partir de 2021 aumenta a incerteza sobre a continuidade da retomada da atividade econômica”, diz o Copom, ponderando que essa imprevisibilidade e os riscos associados à evolução da pandemia podem implicar a retomada ainda mais gradual. De acordo com o comitê, no cenário internacional, a forte retomada em alguns setores produtivos parece sofrer alguma desaceleração, em parte devido à segunda onda da pandemia de Covid-19 em algumas das principais economias. Apesar das incertezas desse cenário e da possível redução dos estímulos governamentais, “a moderação na volatilidade dos ativos financeiros segue resultando em um ambiente relativamente favorável para economias emergentes”. Na última semana, o comitê manteve a taxa básica de juros da economia (Selic) em 2% ao ano, o menor nível desde o início da série histórica do BC, em 1986. A manutenção da Selic em baixa estimula a economia porque juros menores barateiam o crédito e incentivam a produção e o consumo em um cenário de baixa atividade econômica. Inflação A Selic é o principal instrumento usado pelo Banco Central para alcançar a meta de inflação. Em setembro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que é a inflação oficial medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ficou em 0,64%, contra 0,24% em agosto. O IPCA acumulou taxas de inflação de 1,34% no ano e de 3,14% em 12 meses. Na ata, o Copom ressalta que as últimas leituras de inflação ficaram acima do esperado, elevando a projeção para os meses restantes de 2020. “Contribuem para essa revisão a continuidade da alta nos preços dos alimentos e de bens industriais, consequência da depreciação persistente do real, da elevação de preço das commodities [produtos primários com cotação em mercados internacionais] e dos programas de transferência de renda. Por um lado, a normalização parcial dos preços ainda deprimidos deve continuar, em um contexto de recuperação dos índices de mobilidade e do nível de atividade. Por outro lado, espera-se a reversão na elevação extraordinária dos preços de alguns produtos, afetados por redução provisória na oferta em conjunção com um aumento ocasional na demanda. Dessa forma, apesar de a pressão inflacionária ter sido mais forte que a esperada, o comitê mantém o diagnóstico de que esse choque é temporário, mas monitora sua evolução com atenção”. Durante a reunião, o Copom avaliou que reduzir ainda mais a taxa básica de juros poderia gerar instabilidade nos preços de ativos. “Considerando o longo histórico da economia brasileira operando com a taxa básica de juros em nível muito elevado, os juros baixos sem precedentes podem comprometer o desempenho de alguns mercados e setores econômicos”, diz a ata. Investimentos têm aumento de 2,2% durante agosto O país registrou um aumento de 2,2% nos investimentos no mês de agosto, comparado a julho. O indicador foi divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) ontem. O destaque foi o setor da construção civil, que apresentou crescimento de 16,6% no trimestre móvel. “O indicador de investimentos em construção civil avançou 3,2% em agosto, na série dessazonalizada. O resultado sucedeu altas de 8,2% e 2,8% nos meses de julho e junho, respectivamente. Com isso, o segmento registrou um crescimento de 16,6% no trimestre móvel. Por sua vez, os outros ativos fixos fecharam o mês com queda de 1,2%”, ressaltou o Ipea em nota. Segundo o instituto, já na comparação com agosto de 2019, os resultados foram heterogêneos. Enquanto a construção civil apresentou alta de 7,3%, houve recuo nos segmentos de máquinas e equipamentos (10,3%) e outros ativos fixos (7,4%). Os dados fazem parte do Indicador Ipea Mensal de Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) que mede os investimentos no aumento da capacidade produtiva da economia e na reposição da depreciação do estoque de capital fixo.

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