ESCRAVIDÃO MODERNA

Drama de duas mexicanas comove prefeitos reunidos com Papa

Jovens sensibilizaram mais de 60 chefes do Executivo de todo o mundo que atenderam ao pedido do pontífice para lutar contra o tráfico humano

France Press
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21/07/2015 às 20:16.
Atualizado em 28/04/2022 às 17:13

O Papa argentino convidou os políticos para colaborar na luta contra as formas de escravidão moderna e o aquecimento global (France Press)

A dor de duas jovens mexicanas, exploradas sexualmente e forçadas a trabalhar, comoveu nesta terça-feira (21) os mais de 60 prefeitos de todo o mundo reunidos no Vaticano para lutar contra as formas de escravidão moderna e o aquecimento global. Os testemunhos de Karla Jacinto e Ana Laura Pérez, abriram o encontro convocado pelo papa Francisco no Vaticano para lutar contra o aquecimento global e o tráfico de seres humanos, duas tragédias que afetam todos os países, segundo o pontífice. "Dos 12 aos 17 anos mantive 42.000 relações sexuais" contou Jacinto, após narrar uma infância infeliz, dominada pelos abusos físicos e sexuais dentro da própria família."Um anjo na terra foi quem me salvou", afirmou Karla, ao mencionar um cliente que a ajudou a romper o círculo de exploração no qual estava inserida, aos mais de 300 participantes da conferência organizada na Aula Nova do Sínodo pela Academia de Ciências Sociais da Santa Sé. Uma folha em branco se tornou o emblema de uma nova vida, da batalha contra estas formas de escravidão, um fenômeno combatido pelo papa argentino quando ainda era padre e que tornou-se uma prioridade desde que Jorge Mario Bergoglio chegou ao trono de Pedro em 2013. "Eu os convido a escrevermos uma nova vida, uma folha em branco. Não é possível que essa escravidão continue existindo no século 21, não é possível que todos estejamos cegos diante desta escravidão", pediu Pérez."Eu passava fome, mastigava plástico, não me davam o que beber, tinha que tomar a água que usavam para lavar roupa", relatou Laura, que se sentia frágil, impotente, incapaz de fugir e viver livremente."Quando decidi fugir, estava morta em vida", relembrou, comovida, a jovem de 23 anos, obrigada por cinco anos a passar roupa por 20 horas e dormir em pé. Diante do chamado destas escravas modernas, cujos gritos continuam sendo abafados em muitos lugares do mundo, a Igreja Católica decidiu se mobilizar. Por isso, o Vaticano convidou 65 prefeitos de todo o mundo, entre eles os de grandes cidades da América Latina, como Rio de Janeiro, São Paulo, Cidade do México e Bogotá, assim como os mandatários de Paris, Madri, Nova York, Boston, San Francisco, Roma, Milão, Nápoles, Oslo, Estocolmo, Teerã, Argel, Abidjan, Acra, Libreville, Lubumbashi e Johannesburgo."O papa Francisco é um exemplo", confessou a prefeita recém-eleita de Madri, Manuela Carmena, que assim como o papa está convencida de que o primeiro passo para modificar as condutas é dar exemplo."Esta é uma sociedade que não educou sua sexualidade", refletiu a prefeita. "A cidade contemporânea foi sufocada pela privatização do espaço público, pelo individualismo, pelo consumismo. Esse processo tem um impacto muito forte no equilíbrio do meio ambiente e do ambiente sócio-econômico", resumiu o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad. A jornada se concluirá com a intervenção do papa. Ao final do encontro, os prefeitos deverão assinar um documento final em que se comprometem a tomar medidas específicas para lutar contra as novas formas de escravidão moderna.  

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