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Doria e França repetem Alckmin em promessas

Tanto o ex-prefeito João Doria (PSDB) como o atual governador Márcio França (PSB) reciclaram uma série de promessas já feitas pelo ex-governador Geraldo Alckmin

Estadão Conteúdo
21/10/2018 às 20:36.
Atualizado em 06/04/2022 às 00:52

Os dois bem que tentam se descolar da imagem de Geraldo Alckmin, mas tanto o ex-prefeito João Doria (PSDB) como o atual governador Márcio França (PSB) reciclaram uma série de promessas já feitas pelo ex-governador ao longo da campanha pelo governo de São Paulo. Nesta eleição, como ocorreu há quatro ou oito anos, o eleitor paulista, mais uma vez, ouve compromissos relacionados, por exemplo, à conclusão do Rodoanel e das linhas 4 e 5 do metrô. O que muda é o preço a se pagar por elas. Somadas, as contas de Doria e França ultrapassam R$ 30 bilhões só em obras. A comparação das listas mostra que um eventual governo Doria seria mais caro aos cofres do Estado. O tucano promete investir R$ 26,4 bilhões ao longo dos próximos quatro anos, enquanto França fala em aplicar R$ 19,3 bilhões em programas novos ou reciclados da gestão Alckmin - para se chegar à soma de R$ 30 bilhões, a reportagem excluiu promessas iguais. O mesmo foi feito em relação a despesas com manutenção e contratação de pessoal. Com elas, o valor seria até três vezes maior, já que o custeio de um equipamento público vale, por ano, o mesmo investido em sua construção.  A regra é usada para hospitais, creches e linhas de metrô, desde que administradas de forma direta pelo Estado. A reportagem também não considerou propostas genéricas, como despoluir os Rios Pinheiros e Tietê, promover integração entre secretarias e valorizar financeiramente os servidores - Doria e França já se comprometeram a dar aumento a policiais civis e militares e professores.  Neste contexto, ambos os candidatos teriam dificuldades para encaixar suas promessas no orçamento do Estado. Nos últimos quatro anos, a gestão Alckmin investiu cerca de R$ 40 bilhões e não conseguiu terminar parte das obras agora novamente prometidas pelos candidatos, especialmente as ações na área de transportes rodoviário e público. O mesmo atraso ocorreu com a promessa de entregar mil creches em quatro anos - só 300 ficaram prontas desde 2015. Especialista em Direito Administrativo, Adib Kassouf Saad considera a legislação eleitoral falha no sentido de não impedir com que políticos em campanha prometam programas e serviços que não possam ser cumprir em função da Lei de Responsabilidade Fiscal. "Sabe com isso se chama? Estelionato político. Os planos de governo aceitam tudo, mas a prática é outra", afirma. Empatados tecnicamente segundo pesquisa Ibope/Estado/TV Globo divulgada no dia 17, com 52% e 48% das intenções de voto, respectivamente, Doria e França prometem ampliar a rede paulista de hospitais, malha rodoviária, vagas em ensino a distância, bases comunitárias da polícia e delegacias da mulher, entre outros serviços.  Considerados aliados de Alckmin até o início da campanha, esperava-se que os dois candidatos dessem palanque ao tucano na eleição presidencial e defendessem seu legado de 13 anos à frente do Estado, e não só replicar projetos. Mas a seis dias do segundo turno a disputa pelo Palácio dos Bandeirantes se resume hoje a ataques mútuos nos comerciais e debates de TV. Assim como na eleição presidencial, os programas de governo estão em segundo plano. Doria abandonou o padrinho político já na reta final do primeiro turno e passou a estimular o voto no presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), hoje sua principal estratégia de campanha contra o "esquerdista", como diz, Márcio França. O atual governador, por sua vez, prega o discurso da "mudança" e aposta todas as suas fichas na rejeição do tucano na capital após ele descumprir a promessa de permanecer no cargo de prefeito por quatro anos. Para o cientista político José Alvaro Moisés, da USP, houve pouca ênfase durante a campanha para propostas caras ao eleitorado paulista. "Era preciso um plano muito mais proponente e incisivo para poder assegurar melhoria na mobilidade urbana, por exemplo, que São Paulo tanto precisa. Algo muito mais elaborado do que isso", afirmou o analista, em referência ao repeteco de promessas. Neste domingo, França prometeu moradia popular no centro da capital paulista. "O governo vai comprar apartamentos já reformados e pagar em torno de R$ 120 mil cada. Dá para fazer 10 mil unidades por ano para que as pessoas possam morar no centro e, assim, a região volte a ser habitada", disse. Doria esteve em ato pró-Bolsonaro na Avenida Paulista e discursou em favor do presidenciável. "O que é importante agora é que a população de São Paulo tenha consciência de que o voto anti-PT em São Paulo é ‘Bolsodoria’. João Doria, governador, e Bolsonaro, presidente."

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