VALORIZAÇÃO

Dólar despenca e brasileiro lota agências de viagem

Já os exportadores não gostaram nem um pouco da nova média do câmbio, e olham desconfiados para o dólar abaixo dos R$ 3,20

Adriana Leite
05/08/2016 às 22:02.
Atualizado em 22/04/2022 às 23:11
No mercado de ações, o dia foi de estabilidade. O índice Ibovespa, da Bolsa de Valores de São Paulo, fechou com valorização de 0,06%, aos 61,7 mil pontos ( Divulgação)

No mercado de ações, o dia foi de estabilidade. O índice Ibovespa, da Bolsa de Valores de São Paulo, fechou com valorização de 0,06%, aos 61,7 mil pontos ( Divulgação)

A queda da cotação do dólar na última semana animou os turistas, que voltaram a buscar por pacotes de viagens para o Exterior - as casas de câmbio de Campinas sentiram uma alta de até 50% na compra da moeda norte-americana. Já os exportadores não gostaram nem um pouco da nova média do câmbio, e olham desconfiados para o dólar abaixo dos R$ 3,20. Um dólar muito fraco frente ao real significa problemas para eles, já os produtos brasileiros perdem competitividade lá fora. Outro fator importante nessa gangorra é a inflação. A valorização do real é um instrumento que ajuda a controlar a alta de preços no mercado interno (ainda que o governo não reconheça isso oficialmente). Além dos fatores internos, é necessário observar o cenário internacional. A possibilidade de uma alta taxa de juros norte-americana é um elemento que deve influenciar o sobe ou desce do dólar nos próximos meses - no caso, para cima. A agente de turismo Ana Valéria Vieira afirmou que a queda do dólar já estimulou os consumidores a retomarem as cotações para pacotes internacionais. “Sentimos uma alta na procura por pacotes internacionais, principalmente para o final do ano. Além do câmbio mais favorável, os turistas também encontram promoções de passagens. Na última semana, havia bilhetes para a Europa por US$ 449”, comentou. A profissional disse que a maior procura é para viagens para a Europa e os Estados Unidos. Nas casas de câmbio de Campinas, o movimento foi intenso na última semana. “Vou viajar com parentes para os Estados Unidos no final do ano e já estamos comprando moeda. Esperamos um pouco para começar a poupança para as férias porque o dólar estava a quase R$ 4,00. Hoje está bem mais em conta. Em tempos de crise, cada real economizado faz uma grande diferença”, disse a empresária Maria Fernanda Lima. Ela comenta que o brasileiro se acostumou a ir para outros países por força dos preços abusivos cobrados para quem quer fazer turismo por aqui mesmo. “Fiz uma cotação para viajar no Brasil e o valor ficou maior do que a viagem internacional”, apontou. Mercado O professor da Faculdades de Campinas (Facamp), José Augusto Ruas, afirmou que o Brasil tem uma grande volatilidade do câmbio em relação a outras economias com o mesmo perfil. Ele comentou que as especulações sobre a possibilidade do aumento da taxa de juros norte-americana é um dos fatores que irá influenciar o câmbio nos próximos meses. “A tendência é que o câmbio não se valorize muito mais. Mas ainda é cedo para fazer previsões”, disse. Ruas comentou que o governo atual não deve intervir com força no câmbio. “Especialmente porque, no caso da inflação, que continua alta, a valorização é excelente. Para o governo, o mais importante é trazer o índice para o centro da meta”, disse. Já para a indústria exportadora, lembrou, o dólar abaixo de R$ 3,20 é ruim. “A valorização cambial vem se acumulando ao longo dos últimos meses. Com o dólar acima de R$ 3,50 no início deste ano, muitas empresas já usavam as exportações como um caminho para alavancar seus negócios. Agora, com a moeda americana beirando os R$ 3,20, essa realidade muda”, observou.

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