INTERNACIONAL

Desafiando a crise, irmãs siamesas são separadas na Venezuela

Duas irmãs siamesas de oito meses se recuperavam satisfatoriamente neste domingo (2), após terem sido separadas em um hospital público da Venezuela, onde o sistema de saúde enfrenta uma profunda crise, informaram fontes médicas

AFP
02/06/2019 às 21:40.
Atualizado em 30/03/2022 às 21:06

Duas irmãs siamesas de oito meses se recuperavam satisfatoriamente neste domingo (2), após terem sido separadas em um hospital público da Venezuela, onde o sistema de saúde enfrenta uma profunda crise, informaram fontes médicas."Evoluíram satisfatoriamente. Ana Ruth está avançando a passos gigantes e sua irmã, Ana Saray, foi submetida neste domingo a uma pequena intervenção para controlar uma hemorragia dérmica que concluiu sem contratempos", disse à AFP uma fonte do centro médico da cidade de Maracaibo (oeste).Nascidas em setembro de 2018 e unidas do tórax ao umbigo, as gêmeas foram separadas na quinta-feira passada por uma equipe de 22 especialistas do Serviço Autônomo do Hospital Universitário de Maracaibo (SAHUM)."Está se mostrando ao mundo que a Venezuela não tem uma crise na formação do pessoal médico", disse à AFP o cirurgião Dioverys Hinestroza, que participou da cirurgia.Ele acrescentou que a escassez de remédios e insumos, que afeta os hospitais do país, foi contornada com doações de empresas privadas e voluntários, além de provisões do governo central, do governo de Zulia e prefeituras."O mais especial da cirurgia é que conseguiu unir todo o hospital", disse o médico de 35 anos.Três dos médicos que realizaram o procedimento - Dilmo Hinestroza, Darío Montiel e Nidia Devonich - já tinham separado com sucesso outras irmãs siamesas há 14 anos. Mervin Urbina, diretor do SAHUM, indicou em coletiva de imprensa que se sentia orgulhoso de toda a equipe "pelo árduo trabalho para conseguir o êxito desta cirurgia tão complexa". A operação ganha relevância em um país mergulhado na pior crise de sua história recente, com escassez de 85% de remédios e insumos médicos, segundo a Federação Farmacêutica.Além disso, Zulia, ex-potência petroleira, é um dos estados mais castigados por constantes apagões que se intensificaram desde março e pelo desabastecimento de água e gasolina."É uma façanha pela dificuldade de importar material médico-cirúrgico devido ao bloqueio", comentou à AFP Elio Ríos, diretor de um ambulatório em Zulia, em alusão às sanções dos Estados Unidos, às quais o governo de Nicolás Maduro culpa pela falta de remédios.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Correio Popular© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por