Duas irmãs siamesas de oito meses se recuperavam satisfatoriamente neste domingo (2), após terem sido separadas em um hospital público da Venezuela, onde o sistema de saúde enfrenta uma profunda crise, informaram fontes médicas
Duas irmãs siamesas de oito meses se recuperavam satisfatoriamente neste domingo (2), após terem sido separadas em um hospital público da Venezuela, onde o sistema de saúde enfrenta uma profunda crise, informaram fontes médicas."Evoluíram satisfatoriamente. Ana Ruth está avançando a passos gigantes e sua irmã, Ana Saray, foi submetida neste domingo a uma pequena intervenção para controlar uma hemorragia dérmica que concluiu sem contratempos", disse à AFP uma fonte do centro médico da cidade de Maracaibo (oeste).Nascidas em setembro de 2018 e unidas do tórax ao umbigo, as gêmeas foram separadas na quinta-feira passada por uma equipe de 22 especialistas do Serviço Autônomo do Hospital Universitário de Maracaibo (SAHUM)."Está se mostrando ao mundo que a Venezuela não tem uma crise na formação do pessoal médico", disse à AFP o cirurgião Dioverys Hinestroza, que participou da cirurgia.Ele acrescentou que a escassez de remédios e insumos, que afeta os hospitais do país, foi contornada com doações de empresas privadas e voluntários, além de provisões do governo central, do governo de Zulia e prefeituras."O mais especial da cirurgia é que conseguiu unir todo o hospital", disse o médico de 35 anos.Três dos médicos que realizaram o procedimento - Dilmo Hinestroza, Darío Montiel e Nidia Devonich - já tinham separado com sucesso outras irmãs siamesas há 14 anos. Mervin Urbina, diretor do SAHUM, indicou em coletiva de imprensa que se sentia orgulhoso de toda a equipe "pelo árduo trabalho para conseguir o êxito desta cirurgia tão complexa". A operação ganha relevância em um país mergulhado na pior crise de sua história recente, com escassez de 85% de remédios e insumos médicos, segundo a Federação Farmacêutica.Além disso, Zulia, ex-potência petroleira, é um dos estados mais castigados por constantes apagões que se intensificaram desde março e pelo desabastecimento de água e gasolina."É uma façanha pela dificuldade de importar material médico-cirúrgico devido ao bloqueio", comentou à AFP Elio Ríos, diretor de um ambulatório em Zulia, em alusão às sanções dos Estados Unidos, às quais o governo de Nicolás Maduro culpa pela falta de remédios.