Educação

Decotelli é anunciado como novo ministro

O anúncio foi feito por Bolsonaro nas redes sociais, alegando o perfil de "gestor e acadêmico". É o primeiro negro a integrar a equipe de ministros

Estadão Conteudo
Estadão Conteúdo
26/06/2020 às 08:14.
Atualizado em 28/03/2022 às 20:46
Reitor nega doutorado de Decotelli (Marcello Casal/Agência Brasil)

Reitor nega doutorado de Decotelli (Marcello Casal/Agência Brasil)

O novo ministro da Educação, Carlos Alberto Decotelli, anunciado ontem pelo presidente Jair Bolsonaro, representa a derrota da ala ideológica e uma vitória do grupo moderado militar. O anúncio foi feito ontem por Bolsonaro nas redes sociais, alegando o perfil de "gestor e acadêmico". É o primeiro negro a integrar a equipe de ministros do governo. O professor substitui Abraham Weintraub, demitido semana passada. Decotelli, 67 anos, é bacharel em Ciências Econômicas pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), mestre em Administração pela Fundação Getúlio Vargas e doutor em administração financeira pela Universidade de Rosário, na Argentina. Além disso, é pós-doutor pela Universidade de Wuppertal, na Alemanha. Ele participou do grupo de militares que discutiu a transição para o governo Bolsonaro. Entre eles estão o general Villas Bôas e o vice-presidente Hamilton Mourão. Foi assim que ganhou, no início de 2019, o cargo de presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). O novo ministro da Educação foi tirado do FNDE por Weintraub, mas também havia travado embate com os integrantes ligados a Olavo de Carvalho. Apesar de ser conservador, é visto com um profissional pragmático e que deve retomar a interlocução com Estados e Municípios, perdida no governo Bolsonaro na educação. Sua visão de educação é a de que falta boa gestão para que os sistemas funcionem de maneira adequada, ideia compartilhada por alguns economistas, mas que não é consenso entre educadores que acreditam que é preciso focar na aprendizagem. Weintraub é 'risco à reputação' do banco A associação de funcionários do Banco Mundial cobrou ontem novamente o Comitê de Ética da instituição a respeito da indicação do ex-ministro da Educação Abraham Weintraub para a diretoria executiva do organismo. Na quarta, os funcionários pediram a abertura de investigação sobre Weintraub, mas receberam uma resposta negativa. A direção do Comitê de Ética do banco afirmou que não exerce influência sobre a seleção dos diretores executivos indicados pelos países que integram o banco e que Weintraub estaria submetido ao Código de Conduta da instituição apenas após assumir o cargo. Ontem, a associação de funcionários subiu o tom. A entidade afirma que o código de conduta interno prevê recomendações sobre problemas de conduta mesmo em situações prévias ao futuro emprego. "A associação de funcionários pede para o Comitê de Ética reconsiderar e usar o poder que tem de acordo com o Código de Conduta e para recomendar ao Conselho uma revisão completa da conduta de Weintraub", diz a nova carta. Os funcionários alegam ainda que o caso Weintraub expôs uma "falha fundamental na governança" do banco. Por um lado, alegam, os diretores são indicados pelos países para representá-los. Por outro, os indicados se tornam oficiais do Banco Mundial e devem agir de acordo com as regras internas. "Portanto, é razoável esperar que o Banco Mundial tenha uma opinião sobre as qualificações básicas necessárias para assumir essas posições. Deveria ser bastante razoável esperar que o Banco Mundial tenha uma palavra a dizer quando o candidato nos expõe a um risco de reputação considerável e compromete nossa capacidade de cumprir nossa missão", afirmam os funcionários. No pedido de suspensão e avaliação da nomeação de Weintraub, a mesma associação citou falas preconceituosas do ministro sobre a China e minorias, além da fala a respeito da prisão de ministros do Supremo Tribunal Federal. Na carta de hoje, o grupo colocou a imagem do tuíte de Weintraub em que usa de personagens da Turma da Mônica para ridicularizar os chineses. Agora, os funcionários afirmam que se a direção não agir de maneira proativa, o que resta é esperar que Weintraub passe por uma "palestra severa" no seu primeiro dia de trabalho. "Neste dia, os funcionários podem escolher comemorar em uma maneira diferente. Fique sintonizado", diz o e-mail da associação.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Correio Popular© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por