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Crise reduz 31,9% lucro dos bancos

Pandemia impactou a lucratividade das instituições em relação ao mesmo período do ano passado

Estadão Conteudo
Estadão Conteúdo
16/10/2020 às 11:32.
Atualizado em 27/03/2022 às 22:02
BC: Para enfrentar a inadimplência, em função da crise, bancos estão elevando o volume de provisões (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

BC: Para enfrentar a inadimplência, em função da crise, bancos estão elevando o volume de provisões (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

A pandemia provocada pelo novo coronavírus trouxe forte impacto para a lucratividade dos bancos na primeira metade de 2020. Dados divulgados ontem pelo Banco Central mostram que, no primeiro semestre do ano, os bancos registram lucro líquido ajustado de R$ 40,8 bilhões. O valor representa uma queda de 31,9% em relação ao mesmo período de 2019. Outra medida importante para avaliar o desempenho dos bancos, o Retorno Sobre Patrimônio Líquido (ROE) do sistema atingiu 11,2% ao ano em junho de 2020, ante taxa de 17,8% em junho do ano passado. Já o ROE acumulado em 12 meses até junho deste ano foi de 13,6%, ante 16,7% do acumulado até dezembro de 2019. Esta retração do retorno obtido pelos bancos está diretamente relacionada à pandemia. Em meio à crise, as instituições financeiras elevaram o volume de provisões para fazer frente à inadimplência. As despesas dos bancos com provisões somaram R$ 65,0 bilhões no primeiro semestre de 2020, o que representa um aumento de 80% em relação ao visto no primeiro semestre de 2019. Os números foram divulgados por meio do Relatório de Estabilidade Financeira (REF) do BC. Na prática, os bancos estão reservando mais recursos para fazer frente a mais casos de inadimplência de empresas e famílias, o que reduz seu lucro. Segundo o diretor de Fiscalização do Banco Central, Paulo Souza, o lucro do sistema financeiro em 2020 deve cair para um patamar entre R$ 80 bilhões e R$ 85 bilhões, na esteira da pandemia. "Estimamos uma redução do lucro entre 30% a 35% neste ano, devido ao aumento de provisões. Deve haver certa retração ainda na rentabilidade dos bancos até o fim deste exercício", avaliou, em entrevista coletiva. Souza disse ainda que, mesmo com a queda nas taxas de juros, a mudança de mix das carteiras tem permitido a manutenção da margem dos bancos. "Mas as despesas com provisões e a queda de receitas de serviços vai puxar a rentabilidade do sistema como um todo para baixo", completou. Conforme o diretor do BC, mesmo antes da pandemia existia a visão de que uma redução da Selic (a taxa básica de juros) levaria a uma diminuição do lucro dos bancos. Atualmente, a Selic está em 2,00% ao ano, no menor patamar da história. Antes da crise da Covid-19, em dezembro de 2019, a taxa já estava em níveis baixos (4,50% ao ano). "Com Selic menor, já era normal esperar redução do nível de retorno dos bancos", pontuou. Para Souza, um retorno na faixa de 13% ainda traz "atratividade" para o sistema financeiro. "Fica difícil prever o que vai acontecer em 2021, porque a pandemia é severa e houve provisões", disse o diretor. "Mas em um cenário com juros mais baixos, o retorno de qualquer empresa tende a ser menor. Uma rentabilidade entre 10% e 12% é o que devemos observar no sistema financeiro." Economia tem trajetória de recuperação Após a forte queda nos meses de março e abril, quando o isolamento social se intensificou, a atividade econômica segue em trajetória de recuperação no Brasil. Mesmo com o País ainda enfrentando a pandemia do novo coronavírus, o Índice de Atividade do Banco Central (IBC-Br) acumulou o quarto mês consecutivo de alta. Em agosto, o indicador avançou 1,06% em relação a julho, na série já livre de efeitos sazonais. Com o desempenho de agosto, a atividade econômica brasileira registrou expansão de 12,25% desde abril - quando foram registrados os piores resultados na pandemia. Medido em pontos, o IBC-Br saltou de 119,42 pontos em abril para 134,05 pontos em agosto.

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