Navio permanecerá meses na ilha de Giglio antes de ser rebocado para ser desmantelado
Um dos lados, a estibordo, que permaneceu durante meses dentro da água salgada, está destruído, como se tivesse sofrido um bombardeio (France Press)
O transatlântico "Costa Concordia" voltou nesta terça-feira (17) à posição vertical, 20 meses depois de seu trágico naufrágio na pequena ilha italiana de Giglio, onde permanecerá vários meses antes de ser rebocado para ser desmantelado. A partir da margem, o enorme palácio flutuante que encalhou no dia 13 de janeiro de 2012, deixando 30 mortos e dois desaparecidos por culpa de uma manobra de aproximação, se destaca no horizonte, agora erguido. Um dos lados, a estibordo, que permaneceu durante meses dentro da água salgada, está destruído, como se tivesse sofrido um bombardeio, afirma um jornalista do Corriere della Sera. Cadeiras amontoadas, cortinas rasgadas, pedaços de móveis podem ser observados quando as fotografias são ampliadas. "Superamos a etapa mais importante, sem dúvida a mais difícil, não tínhamos um plano alternativo em caso de fracasso", comentou satisfeito o sul-africano Nick Sloane, que dirigiu a titânica operação, um desafio para a engenharia naval. A complexa operação sem precedentes para endireitar o gigante de 17 andares, 290 metros de comprimento e 114.000 toneladas - maior e com quase o dobro do peso do "Titanic" - durou vinte horas no total. O navio, que tinha 65 graus de inclinação quando estava recostado sobre os arrecifes, iniciou a rotação impulsionado por 36 enormes cabos de aço presos a pequenas torres instaladas para a operação Pouco antes do amanhecer, às 04h00 locais (23h00 de Brasília) a operação foi oficialmente concluída e a imponente silhueta do "Costa Concordia" se erguia no horizonte. "O navio está vertical e se apoia sobre plataformas", anunciou emocionado Sloane, que dirigiu a operação que fez com que o navio permaneça agora erguido sobre falsos suportes instalados a 30 metros e profundidade e sustentados por sacos de cimento. "Foi emocionante, uma satisfação", reconheceu o especialista em resgates navais depois de elogiar o esforço tecnológico de sua equipe, formada por cerca de 500 pessoas de 26 nacionalidades e que trabalha há 16 meses neste projeto inédito. Considerado um herói, aplaudido e abraçado pelos moradores da ilha, onde é conhecido por todos, Sloane dirigiu com sangue frio a operação a partir de uma plataforma flutuante junto com onze especialistas, entre eles vários engenheiros, técnicos de informática e mergulhadores. --- Muitos meses pela frente antes de ser rebocado --- Agora que o navio foi reerguido, será autorizada a busca por parte de uma equipe de mergulhadores dos corpos dos dois desaparecidos no naufrágio: uma passageira italiana e um camareiro indiano. "Os corredores, que se transformaram em precipícios devido à inclinação, poderão ser percorridos novamente", comentou o responsável da Defesa Civil local, Franco Gabrielli, que ordenou primeiro uma inspeção da embarcação. Familiares dos desaparecidos já estão na ilha com o desejo de sepultar seus parentes. Na próxima etapa, o transatlântico será estabilizado com a instalação de quinze novos flutuadores-estabilizadores na parte esquerda do casco e, graças a um sistema pneumático, irão se esvaziando para permitir que o barco flutue e possa ser rebocado. "No primeiro semestre do próximo ano será rebocado", anunciou Gabrielli. Ainda não foi decidido o porto para onde será transportado o navio para que depois seja desmantelado. Várias possibilidades são examinadas: Piombino (o mais próximo), Nápoles ou Palermo, sendo que os dois últimos são os únicos preparados para isso. O navio será reparado e estabilizado através de cabos e fios de aço a partir de novembro de modo a suportar os meses de inverno. "Ainda temos muito trabalho a ser feito", comentou Sloane, que verificará com sua equipe o nível dos danos sofridos pelo casco e se ele pode ser rebocado. A empresa ítalo-americana encarregada da operação, Titan-Micoperi, tentará recuperar as caixas-fortes e os objetos de valor das cabines dos 4.000 passageiros, tal como previsto no contrato para o resgate, que até agora custou 600 milhões de euros. Tudo isso deverá ser realizado respeitando o meio ambiente, já que a ilha é uma das maiores reservas marinhas do Mediterrâneo, razão pela qual movimentos ecologistas e o ministério do Ambiente exigiram um controle constante de suas águas.