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Comércio já aceita a moeda virtual

Dinheiro digital é uma realidade no mercado financeiro, mas continua cercado de incertezas

Renato Piovesan
14/05/2018 às 07:46.
Atualizado em 28/04/2022 às 08:36
Bruno Castello. de Valinhos, abriu uma empresa em agosto do ano passado para auxiliar pessoas que querem aplicar nessa nova classe de ativos e ainda não têm conhecimento necessário (Leandro Torres/AAN)

Bruno Castello. de Valinhos, abriu uma empresa em agosto do ano passado para auxiliar pessoas que querem aplicar nessa nova classe de ativos e ainda não têm conhecimento necessário (Leandro Torres/AAN)

As criptomoedas já são uma realidade no mercado financeiro, ainda que continuem cercadas por dúvidas e incertezas. O bitcoin, mais famosa dessas moedas virtuais, é um dinheiro como o real ou o dólar, mas sem nenhum Banco Central ou governo ligados a ele, e sim um complexo sistema de computadores mantido por milhares de usuários. O software usa criptografia avançada para garantir a segurança e é 100% virtual. Para comprar, vender ou transferir, só se for pela internet. E todas transações ficam salvas num banco de dados imutável e público chamado blockchain, uma espécie de “cartório digital” que pode ser consultado por qualquer pessoa. Em 2017, as criptomoedas valorizaram mais de 2.000%, o que provocou uma avalanche de interessados pelo dinheiro on-line nos últimos meses. Bruno Castello, de Valinhos, resolveu surfar na onda e até abriu uma empresa em agosto do ano passado para auxiliar as pessoas que querem aplicar nessa nova classe de ativos e ainda não têm conhecimento deste mercado ainda novo — a era da economia digital só teve início em 2009, com a criação do bitcoin. “As criptomoedas inovaram o modelo financeiro atual, principalmente entre empresas, proporcionando transações mais rápidas, baratas e seguras. É nítido você ver as pessoas querendo investir nisso porque viram notícias de gente que ganhou muito dinheiro, mas querem entrar sem nem mesmo saber o que são bitcoins" , diz Castello, que garante tentar controlar o ânimo de clientes que acreditam que vão ficar milionários da noite para o dia se comprarem moedas virtuais. “O meu conselho é não jogar todo o seu dinheiro numa tacada só, não só no bitcoin, mas em qualquer tipo de investimento. É um mercado volátil, de risco altíssimo. O conceito de investimento premia quem corre risco e abre mão de retornos seguros, mas o dinheiro que se coloca nas criptomoedas você não pode contar com ele para o mês que vem”, orienta. A cautela tem uma razão. As mesmas criptomoedas que supervalorizaram em 2017 passam por uma queda proporcional nos primeiros meses de 2018. O valor de mercado do bitcoin, por exemplo, despencou de US$ 14.575 em 31 de dezembro para US$ 8.633,00 sexta passada. “O mercado das criptomoedas pode proporcionar altas de valores expressivos, ou passar por grandes correções. O investidor deve estar ciente disso. Toda euforia do final de 2017, com muita gente investindo, e a grande queda no início de 2018, foram necessários para a correção dos valores que estavam exorbitantes e para a maturidade dos investidores que acarretará numa maturidade do mercado como um todo”, prevê o entusiasta. O professor de Economia da Unicamp (FCA/Limeira) Paulo Van Noije alerta que interessados em aplicar seus recursos em criptomoedas devem investir no máximo entre 5% a 10% de seu capital com as moedas virtuais. “Algumas pessoas estão ganhando dinheiro, e outras estão perdendo tudo que têm. A recomendação é colocar de 5% a 10% do que tem no máximo. A criptomoeda está tentando tirar o papel do Estado da economia. Pode ser bom por não ter o Estado controlando, mas tem o lado ruim de não tê-lo como garantia de segurança. Enquanto não houver uma regulação, a incerteza permanecerá elevada e vai seguir muito arriscado aplicar dinheiro nisso”, explica. Há um projeto de lei que tramita na Câmara dos Deputados, de número 2.303/2015, que trata sobre a regulamentação dos bitcoins, classificando-os como arranjos de pagamento sob a supervisão do Banco Central. Mas a resistência ainda é forte. Em janeiro, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), órgão que regula o mercado de capitais no Brasil, decidiu proibir a compra direta de moedas virtuais por fundos de investimento regulados e registrados no País. O ofício direcionado aos administradores e gestores de fundos afirma que as criptomoedas “não podem ser qualificadas como ativos financeiros” e que, por isso, sua aquisição direta pelos fundos de investimento não é permitida.

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