Cerca de 150 mil pessoas foram às ruas nesta terça em Bogotá apoiar vítimas do conflito armado
Colombianos marcham pelas ruas de Bogotá pedindo paz (France Press)
Cerca de 150.000 pessoas foram às ruas nesta terça-feira (9) em Bogotá para pedir paz e apoiar as vítimas do conflito armado, uma iniciativa da qual participou o presidente Juan Manuel Santos e que tem o respaldo das Farc.
"A paz é a vitória de qualquer soldado, a paz é a vitória de qualquer policial. Se nos reconciliarmos, teremos uma pátria melhor", disse Santos, ao lado de ministros e diante de centenas de militares na Praça dos Heróis Caídos, antes de se juntar à caminhada pela paz.
O governo de Santos está envolvido desde 2012 em um processo de paz com a guerrilha comunista Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).
Na véspera, a delegação das Farc havia divulgado uma mensagem saudando "com afeto a todas as pessoas que tomaram a decisão de marchar pela paz da Colômbia e que, com grande esforço, vieram dos quatro cantos do país para pedir uma paz justa, democrática e duradoura para todos os habitantes".
Como gesto simbólico e com uma camisa na qual se podia ler: "O que importa é acreditar. Eu acredito na paz", Santos e o prefeito de Bogotá, o ex-guerrilheiro Gustavo Petro, plantaram uma árvore juntos na sede do Centro de Memória Histórica.
O conflito armado na Colômbia, que envolve guerrilhas de esquerda, grupos paramilitares de direita e organizações de narcotraficantes, deixou mais de 3,7 milhões de desabrigados, 600.000 mortos e 15.000 desaparecidos nos últimos 50 anos.
Um concerto com a Orquestra Filarmônica de Bogotá e cantores populares foi organizado na Praça Bolívar, além da leitura da "Oração pela paz", escrita por William Ospina especialmente para a ocasião.
Cerda de 150.000 pessoas participaram da manifestação, muitas delas oriundas de outros regiões do país, de acordo com números da prefeitura.
"Na minha região sofremos muito com a violência da guerrilha e da delinquência. Não sabemos se a paz é possível e o futuro é incerto, mas temos esperança", disse à AFP Vianey León, uma camponesa de 28 anos que viajou do departamento de Tolima (centro) para participar da manifestação.
O governo de Santos dialoga em Cuba desde novembro passado com as Farc para buscar o fim do conflito armado, e espera também iniciar negociações com a outra guerrilha esquerdista da Colômbia, o Exército de Libertação Nacional (ELN).
A marcha teve o apoio da maioria dos partidos políticos e de diversas organizações sociais, mas foi duramente criticada pelo ex-presidente Álvaro Uribe (2002-2010), que acredita que o ato "legitima o terrorismo das Farc".
As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia são a principal guerrilha do país, com cerca de 8.000 integrantes, e a mais antiga da América Latina.
O ELN conta com cerca de 2.500 guerrilheiros.