CRISE

Coalizão de Angela Merkel racha com escândalo de espionagem

A chanceler da Alemanha defendeu a cooperação dos serviços secretos alemães (BND) com a Agência de Segurança Nacional (NSA) dos Estados Unidos

France Press
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05/05/2015 às 23:05.
Atualizado em 23/04/2022 às 14:32

Aprovação do plano apoiado pela chanceler Angela Merkel não estava em risco (France Press)

As revelações da espionagem praticada pelos serviços de inteligência alemães a pedido dos Estados Unidos levaram, nesta terça-feira (5), os sociais-democratas, aliados na coalizão no poder, a questionar pela primeira vez a chanceler conservadora Angela Merkel.Merkel defendeu na segunda-feira (4) a cooperação dos serviços secretos alemães (BND) com a Agência de Segurança Nacional (NSA) dos Estados Unidos, apesar das revelações sobre uma suposta espionagem da França, da União Europeia (UE) e de empresas europeias.O ministro da Economia, Sigmar Gabriel, do Partido Social-Democrata (SPD), que não havia feito declarações a respeito até este momento, indicou, também na segunda, que havia interrogado Merkel em duas oportunidades."O que vivemos atualmente é (...) um escândalo que envolve os serviços secretos, o que pode ter um impacto muito importante", declarou, na segunda, na sede de seu partido, o SPD, o também vice-chanceler social-democrata.Segundo Gabriel, Merkel disse que o BND não havia realizado nenhum tipo de espionagem econômica para os serviços secretos americanos."Não há a menor dúvida de que a chanceler respondeu corretamente as minhas perguntas", disse Gabriel, mas acrescentou: "Caso contrário, se o BND tivesse participado de verdade da espionagem econômica (...), isso hipotecaria gravemente a confiança que a economia alemã tem na direção do Estado".A imprensa alemã considerou que estas declarações estavam dirigidas contra Merkel."O vice-chanceler Gabriel se distancia da chanceler Merkel", afirma em sua edição na internet a Der Spiegel. "O conflito entre a CDU/CSU e o SPD é cada vez mais claro", afirma o jornal, apontando a irritação de vários dirigentes conservadores da CDU/CSU de Merkel.Para o Bild, que havia previsto há alguns dias que Gabriel começaria a criticar a chefe de Governo diante da aproximação das eleições legislativas de 2017, o líder social-democrata "se enfurece com Merkel"."Crise perigosa" para MerkelPara o cientista político da Universidade de Dusseldorf, Jens Walther, esta é "certamente a maior crise" da coalizão que governa a Alemanha e "também provavelmente, para Merkel, da crise mais grave e perigosa em 10 anos de exercício do poder".Seu colega da Universidade Livre de Berlim, Carsten Koshmieder, disse que "nos últimos anos, o SPD colocou em aplicação todas as medidas que desejava", como a instauração de um salário mínimo."No entanto, nas pesquisas, continua abaixo de Merkel", declarou."O SPD procura se distanciar e talvez também enfraquecer um pouco a chanceler", acrescentou.Na segunda, Merkel disse que os serviços de inteligência alemães estavam "sob controle" e afirmou que informariam sobre suas atividades com a agência americana se a comissão de investigação parlamentar solicitasse."Dito isso, o BND deve continuar cooperando no âmbito internacional e o fará", reiterou a chanceler alemã, para quem a luta "contra as ameaças terroristas internacionais" passa por colaborar com outras agências, entre elas a NSA.Merkel, no entanto, ressaltou há alguns dias a necessidade de esclarecer as relações entre a NSA e o BND.Nessa terça, a chanceler foi um pouco mais longe. Em uma entrevista à Rádio Bremen, Merkel disse que ela mesma dará explicações "caso seja solicitada"."Ante a comissão de investigação [do Bundestag sobre as atividades da NSA], se assim for desejado", acrescentouAs acusações das últimas semanas contra o BND se endureceram na semana passada depois que o jornal alemão Süddeutsche Zeitung afirmou que estes serviços espionaram funcionários do ministério francês das Relações Exteriores, da Presidência francesa e da Comissão Europeia.Estas acusações se unem à suposta espionagem desde 2005 por parte do BND das empresas EADS (que se converteu em Airbus) e Eurocopter (atualmente Airbus Helicopters) a pedido da NSA.

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