DEMOCRACIA

Cisjordânia realiza suas primeiras eleições desde 2006

As eleições são limitadas à Cisjordânia e acontecem em 91 dos 353 municípios, principalmente no norte do território

France Press
20/10/2012 às 16:34.
Atualizado em 26/04/2022 às 20:19

As eleições municipais parciais organizadas neste sábado (21) na Cisjordânia, as primeiras desde as legislativas de 2006 vencidas pelo Hamas, foram marcadas por uma pequena participação e o boicote do movimento islâmico.

As eleições, limitadas à Cisjordânia, acontecem em 91 dos 353 municípios, principalmente no norte do território.

Dada a ausência do Hamas, que é maioria no Conselho Legislativo (Parlamento), a competição se limita aos candidatos do partido Fatah, do presidente Mahmoud Abbas, independentes e membros das várias formações de esquerda, como a Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP) e a Frente Democrática para a Libertação da Palestina (FDLP).

Os colégios eleitorais, que abriram às 7h locais (02h00 no horário de Brasília), registraram pouco movimento e participação dos eleitores, segundo correspondentes da AFP.

Mas, de acordo com uma fonte eleitoral, no início da noite a participação havia atingido 50%, pouco tempo antes do fechamento das urnas às 19h00 locais.

"Os resultados oficiais devem ser divulgados em 72 horas", indicou a presidente da Comissão Eleitoral, Hanna Nasser.

Otimista, o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, afirmou que espera "uma forte participação", depois de votar em Al Bireh, perto de Ramallah, capital política da Cisjordânia, mas lamentou o fato "dessas eleições não incluírem o conjunto dos Territórios Palestinos".

"Mas esperamos que no futuro também aconteçam em Jerusalém e Gaza", ressaltou, em alusão à Jerusalém Oriental ocupada por Israel e ao boicote do Hamas.

"Esperamos que nossos irmãos do Hamas permitam que esse processo democrático aconteça em Gaza, não apenas para as eleições municipais, mas também presidencial, legislativas e no Conselho Nacional Palestino (Parlamento da OLP)", acrescentou, fazendo referência ao acordo de reconciliação entre Fatah e Hamas. 

Segundo um porta-voz do Hamas na Faixa de Gaza, Fawzi Barhoum, "essas eleições reforçam a divisão e não têm nada a ver com o consenso nacional". "Não são eleições do povo palestino, mas sim do Fatah", considerou.

O coordenador especial da ONU para o processo de paz no Oriente Médio, Robert Serry, expressou em um comunicado sua esperança de que "essas eleições locais (...) sejam um prelúdio para eleições gerais organizadas no próximo ano no conjunto dos Terrirtórios Palestinos ocupados no contexto da reconciliação".

"A participação é fraca, mas eu não posso prever nada", declarou à AFP o candidato Mayssoun al-Qawasmeh. Nenhum incidente foi relatado.

"Votei a favor da lista que eu queria", disse Amjad Saeed, um funcionário de 46 anos de Nablus, onde as divisões do Fatah estão em seu máximo. "Esperamos que as próximas eleições aconteçam em quatro anos, e não oito ou dez anos."  Já Abou Abdallah, comerciante de 56 anos, escolheu se abster porque "é uma farsa, e não eleições".

No total, cerca de 4.700 candidatos, entre eles 25% de mulheres, disputam meio milhão de votos de eleitores para conquistar cerca de mil cargos, de acordo com a Comissão Eleitoral. Em Hebron (sul), há ainda uma lista exclusivamente feminina.

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