Tempo do exame foi ampliado em relação ao ano passado após reclamações
As provas do segundo dia do Exame Nacional do Ensino Médio 2018 (Enem) serão realizadas hoje em todo o Brasil, com 45 questões de matemática e 45 de ciências da natureza (física, química e biologia). Neste ano, há uma novidade em relação ao tempo de realização: os candidatos terão 30 minutos a mais para responder às 90 questões, podendo terminar o exame até as 18h30. Com isso, o tempo médio que antes era de três minutos para cada questão, ganha agora 20 segundos de acréscimo. O aumento ocorreu porque no ano passado muitos candidatos se queixaram de que o prazo de quatro horas e meia para o segundo dia foi insuficiente para resolver todos os cálculos exigidos. Apesar da meia hora a mais, os alunos ainda precisarão ficar atentos ao horário final da prova, também em função da Teoria de Resposta ao Item (TRI), que terá como objetivo punir os estudantes “espertinhos”. Especialista no assunto, o coordenador pedagógico do pré-vestibular do Curso e Colégio Oficina do Estudante, Anderson Bigon Antunes, explica que a metodologia usada nas provas tem um sistema "antichute", desenhado para detectar quando um candidato provavelmente não sabe a resposta correta, mas acerta mesmo assim. Segundo Antunes, a proposta da TRI é criar uma medida para avaliar a proficiência (conhecimento) de uma pessoa em uma determinada área do conhecimento. Ele explica que o sistema existe para impedir que um aluno ganhe vantagem em cima de outro, apenas porque ele acertou a resposta certa “na sorte”. “Outras variáveis são levadas em conta para definir a pontuação final de cada aluno. No Enem, o número de acertos nas questões de múltipla escolha não é o único critério para definir o total de pontos de cada candidato”, explica. Em resumo, quem errar as questões mais fáceis e acertar as mais difíceis é penalizado, porque o TRI entende que, se o aluno não soube acertar as questões simples, também não deveria saber responder às mais complexas. Nesse sentindo, o sistema desconfia que o aluno chutou algumas questões. Em contrapartida, se o mesmo estudante acertar várias perguntas fáceis e as difíceis (ou parte delas), a nota tem que aumentar, pois o candidato, na teoria, dominou boa parte dos conhecimentos teóricos do exame. “Não faz sentido um aluno errar uma questão que 80% dos candidatos acertam e acertar uma pergunta que 90% não conseguem. Pela progressão pedagógica, isso não faz sentido”, frisou Antunes. Quando o sistema suspeita de que houve um chute, a TRI dá os pontos ao candidato pelo acerto, mas não tantos quanto para outro candidato que acertou a mesma questão de fato. “Como o formato do Enem tem sempre uma resposta correta entre cinco alternativas, sempre existe uma probabilidade de que qualquer candidato possa acertar qualquer questão, apenas escolhendo uma alternativa ao acaso. A TRI tem como objetivo avaliar a pontuação do aluno da maneira mais justa possível e fazer com que a proficiência observada seja a mais próxima da realidade”, explica o coordenador. Questionado sobre qual seria a melhor estratégia para evitar perder pontos preciosos no exame, Antunes destacou que não adianta tentar resolver logo as questões difíceis e deixar de lado uma quantidade grande de questões fáceis que poderiam render uma maior quantidade de pontos. “Olhe e analise a questão. Se você acha que você vai demorar mais de 3 minutos para respondê-la ou que não vai conseguir fazer, pule e deixe para fazer no final da prova, porque tem grande chance de ser uma questão difícil. Minha dica é: se atente às questões de níveis mais fáceis, porque se você acertar uma questão difícil, mas não tiver a progressão pedagógica, o sistema TRI pode entender que você acertou a questão na sorte e diminuir a sua nota final”, afirmou.