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Bolsonaro: OMS parece mais um partido político

Ele disse que, após a pandemia, o Brasil avaliará a permanência na organização, composta por 194 Estados-membros da ONU

Estadão Conteudo
Estadão Conteúdo
10/06/2020 às 08:10.
Atualizado em 29/03/2022 às 09:32

O presidente Jair Bolsonaro afirmou ontem que a Organização Mundial da Saúde (OMS) "parece mais um partido político". Ele disse que, após a pandemia, o Brasil avaliará a permanência na organização, composta por 194 Estados-membros da Organização das Nações Unidas (ONU). O presidente realizou um encontro televisionado ontem para tentar melhorar a imagem e mostrar as ações do governo relacionadas ao coronavírus. No início da reunião, Bolsonaro citou a declaração dada pela diretora técnica da OMS, Maria Van Kerkhove, na segunda-feira. Ela tinha afirmado que a transmissão por pacientes sem sintomas era "muito rara". Na reunião, o presidente usou a fala para defender a flexibilização da quarentena. "Se o entendimento for comprovado, poderá sinalizar uma abertura mais rápida do comércio e a extinção de medidas restritivas". Porém, ontem mesmo, a OMS fez uma retificação e afirmou que a transmissão da Covid-19 está, sim, ocorrendo a partir de casos assintomáticos da doença, mas não há ainda conclusões sobre a proporção. Depois, Bolsonaro foi questionado por jornalistas sobre essa retificação da OMS. "Temos de ser realistas, sabemos que não tem comprovação de nada. Até a hidroxicloroquina não tem comprovação. A OMS voltou atrás, desaconselhou estudos e depois voltou atrás. OMS é uma organização que está titubeando, parece mais um partido político." Segundo ele, o Brasil vai pensar, depois da pandemia, se continua como membro da OMS. "Depois que acabar a pandemia, a gente vai pensar seriamente se sai ou não, porque não transmite confiabilidade. Muita gente perdeu a vida porque ficou em casa, sentiu dor no peito e não foi ao hospital por medo do vírus e acabou enfartando e morrendo." Bolsonaro disse, sem apresentar evidências, que os óbitos não ocorreram por falta de respiradores e leitos de UTI, e sim pela falta de remédios com comprovação científica, citando a hidroxicloroquina. "Muitos faleceram porque pode ser que lá na frente pode se comprovar por falta da hidroxicloroquina. Mudamos para que a hidroxicloroquina pudesse ser usada a partir dos primeiros sintomas. Obviamente tem de ouvir o médico. Quem não quiser usar, não use.” Ministro critica OMS O ministro Ernesto Araújo afirmou que o Itamaraty, junto com o Ministério da Saúde, acompanha "com muita preocupação" o papel da OMS. "Aparentemente há falta de independência da OMS, falta de transparência e, sobretudo, coerência em orientações sobre aspectos essenciais. A origem do vírus, o compartilhamento de amostras, o contágio por humanos, os modos de prevenção, a quarentena, o uso da hidroxicloroquina, a indumentária de proteção e agora na transmissibilidade por assintomáticos. Em todos esses aspectos, a OMS foi e voltou, às vezes mais de uma vez. Isso nos causa preocupação", disse Araújo. Ele reforçou que o Brasil e outros países apoiam desde maio uma investigação da conduta da OMS durante a pandemia.

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