SITUAÇÃO

Bolsonaro: 'educação está horrível'

Segundo o presidente, 'deu problema' com Decotelli, que ficou apenas cinco dias como ministro e nem sequer chegou a tomar posse

Estadão Conteudo
Estadão Conteúdo
03/07/2020 às 08:07.
Atualizado em 28/03/2022 às 23:44
Diante do Palácio da Alvorada, ontem, apoiadora disse que setor está definhando; presidente, que demitiu três ministros, consentiu (Divulgação)

Diante do Palácio da Alvorada, ontem, apoiadora disse que setor está definhando; presidente, que demitiu três ministros, consentiu (Divulgação)

Após demitir três ministros da Educação em um ano e meio de governo, o presidente Jair Bolsonaro afirmou ontem que a situação da educação brasileira está "horrível". A afirmação foi feita em conversa na frente do Palácio da Alvorada quando uma apoiadora comentou que a "educação está definhando". "Definhando? A situação da educação no Brasil está horrível", rebateu Bolsonaro. Segundo o presidente, "deu problema" com Decotelli, que ficou apenas cinco dias como ministro e nem sequer chegou a tomar posse após polêmicas sobre inconsistências em seu currículo. Disse também que "talvez" escolhesse ontem o novo ministro da Educação. O presidente passou os últimos dias analisando o currículo de candidatos à vaga. Na conversa com apoiadores, Bolsonaro também voltou a criticar decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) e responsabilizou governadores pelas medidas de combate à pandemia do coronavírus. "Vou passar para o governador", reagiu Bolsonaro após dois apoiadores pedirem para apresentar uma proposta de retomada das aulas presenciais em instituições privadas. Em seguida, eles responderam que a proposta já foi levada ao governador do seu Estado, sem citar qual, e insistiram que o texto fosse repassado ao MEC. "O Supremo Tribunal Federal decidiu que quem trata desse assunto não sou eu. Eu entendo vocês, me coloco no lugar de vocês. A educação está horrível no Brasil", declarou o presidente. "Pode entregar (o texto) que eu mando para a Educação ou para o Ibaneis (Rocha, governador do DF)", reagiu Bolsonaro diante da insistência. Relatório do Inep: longe de cumprir metas do PNE O baixo nível de aprendizado dos alunos, as grandes desigualdades e a trajetória escolar irregular são as questões mais preocupantes em relação à educação pública brasileira. A constatação está no Relatório do 3º Ciclo de Monitoramento do Plano Nacional de Educação 2020, divulgado ontem pelo Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). O levantamento do biênio 2018—2019 do Plano Nacional de Educação (PNE), que tem 20 metas definidas para serem alcançadas entre 2014 —2024, mostra que dificilmente o Brasil vai conseguir atingi-las no prazo. Na educação infantil, responsável por crianças até 3 anos, a cobertura chegou, em 2018, a apenas 36%. O maior número de crianças não atendidas — cerca de 1,5 milhão — pertence a famílias de baixa renda. Já no ensino para a faixa etária de 4 a 5 anos, apesar de a cobertura ter chegado a 94% em 2018, é necessário incluir cerca de 330 mil crianças na pré-escola para se atingir a universalização. No ensino fundamental, a boa notícia é que, em 2019, 98% dos jovens de 6 a 14 anos estavam matriculados. Segundo o Inep, o maior desafio é a conclusão do 9º ano na idade recomendada. Somente 78% dos adolescentes aos 16 anos chegaram a concluir essa etapa, a meta estabelece que 95% cheguem ao final do ensino fundamental de nove anos até 2024. As desigualdades regionais e sociais são apontadas como o grande problema para a melhoria do ensino fundamental. O relatório destaca que cerca de 1,9 milhão de jovens de 15 a 17 anos que frequentam a escola ainda estão matriculados no ensino fundamental. "Isso coloca o Brasil longe da meta do PNE de, até 2024, ter pelo menos 85% da população de 15 a 17 anos frequentando o ensino médio. Em 2019, esse indicador alcançou 73% dos jovens e apresentou expressivas desigualdades regionais e sociais", diz o relatório. Ainda no campo da qualidade educacional, o relatório destaca que o Brasil apresenta "evolução ínfima e tendência à estagnação" em relação aos Índices de Desenvolvimento da Educação Básica (Idebs) dos anos finais do ensino fundamental e do ensino médio. "A dívida histórica com o acesso escolar está marcada pelo grande contingente de jovens, fora da faixa etária de matrícula obrigatória, de 18 a 29 anos, que não possuem a educação básica completa, ou seja, pelo menos 12 anos de escolaridade. As desigualdades de acesso, que historicamente alijaram do direito à educação as populações do campo, das regiões menos desenvolvidas, de cor negra e dos grupos de renda mais baixa, são enfrentadas no PNE", destaca do documento. Alcançar o mínimo de 12 anos de escolaridade para esses grupos é a meta para 2024.

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