Exonerado pela secretária Especial de Cultura, Regina Duarte, ela nem sabia que o maestro havia sido renomeado
O presidente Jair Bolsonaro tornou sem efeito o ato do chefe da Casa Civil, general Walter Braga Neto, que renomeou para a presidência da Funarte o maestro Dante Mantovani, afastado do cargo logo após a posse da nova secretária de Cultura, Regina Duarte. A decisão de Bolsonaro atendeu a pressões de dentro e de fora do Planalto. A secretária especial de Cultura, Regina Duarte, havia sido surpreendida com a renomeação do maestro Dante Henrique Mantovani para a presidência da Fundação Nacional de Artes (Funarte), exonerado por ela há dois meses. A volta de Mantovani ao cargo foi entendida internamente no governo como uma sinalização de que o prazo da atriz na pasta está prestes a vencer. Regina estava ontem em Brasília quando recebeu a notícia. A primeira nomeação de Mantovani havia sido no dia 4 de novembro do ano passado. Seguidor do escritor Olavo de Carvalho, guru do bolsonarismo, Mantovani já disse em vídeo que o "rock ativa as drogas, que ativam o sexo livre, que ativa a indústria do aborto, que ativa o satanismo". Outra polêmica se deu quando a Funarte divulgou um edital para anunciar o Prêmio de Apoio a Bandas de Música. O documento chamou a atenção por proibir a participação de alguns tipos de banda, incluindo as de rock. Em conversa com sua assessora de imprensa ontem pela manhã, Regina relatou a surpresa com a nova nomeação de Mantovani e disse achar que o presidente quer demiti-la. O áudio foi gravado pela revista eletrônica Crusoé. "Que loucura isso, que loucura. Eu acho que ele está me dispensando", diz trecho da conversa captada pela publicação. Na Secretaria de Cultura, o processo de "fritura" de Regina é tema recorrente entre os integrantes da pasta. A atriz, de 72 anos, tem ficado em sua residência em São Paulo durante a pandemia do coronavírus. Por integrar o grupo de risco, ele tem participado de reuniões por videoconferência. A ausência física, no entanto, intensificou os reveses que tem sofrido com o grupo ideológico do governo, avançando sobre as nomeações na Cultura.