reflexos

Bares e restaurantes faturam 50%

Após um mês de atendimento presencial, setor ainda tenta equalizar as contas durante pandemia

Daniel de Camargo
09/09/2020 às 14:11.
Atualizado em 28/03/2022 às 16:15
Os bares e restaurantes passaram 139 dias sem a presença do público e aguardam a ampliação da flexibilização para aumentar a capacidade (Matheus Pereira/AAN)

Os bares e restaurantes passaram 139 dias sem a presença do público e aguardam a ampliação da flexibilização para aumentar a capacidade (Matheus Pereira/AAN)

Após permanecer 139 dias fechado para atendimento presencial em decorrência das medidas de enfrentamento à pandemia da Covid-19, o setor de bares e restaurantes da Região Metropolitana de Campinas (RMC) completou um mês de reabertura ontem, com os estabelecimentos faturando, pelo menos, 50% menos do que antes da quarentena, decretada no fim de março. O dado é da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes da Região Metropolitana de Campinas (Abrasel RMC), que atrela o resultado ao fato de as operações estarem restritas a 40% da capacidade, conforme regramento da fase amarela do Plano São Paulo. Presidente da entidade, Matheus Mason explica que o montante de vendas atual está aquém do que pode ser classificado como ideal para equilibrar as contas e recompor as perdas geradas no período em que o atendimento presencial não foi permitido. Contudo, destaca que o setor está feliz com o movimento positivo, "que é uma luz no fim do túnel". Desde o último dia 21 de agosto, quando as prefeituras autorizaram a reabertura até às 22h, 100% dos bares e restaurantes da região voltaram a operar, afirmou ele. Até então, 25% dos 7,5 mil estabelecimentos que não encerraram as atividades na crise continuavam fechados, uma vez que o movimento era estritamente no período noturno. "Muitos empresários ainda estão sofrendo para equalizar contas, mas já conseguem ter um horizonte, negociar com fornecedores e outras dívidas para se reorganizar e comprar estoques", disse. Segundo Mason, a reabertura à noite ajudou muito os empresários, trazendo de volta clientes. "Nossa expectativa, agora, é de que a região avance para a fase verde, quando a capacidade de atendimento poderá ser ampliada de 40% para 60%", comentou. Pontua que a volta do atendimento presencial foi importante, mas destaca que o delivery ajudou a segurar as contas e cresceu além do previsto durante a quarentena. Porém, nos últimos 30 dias, foi percebido um movimento inverso. "Com as pessoas saindo de casa novamente, as vendas por entregas sofreram forte retração", afirmou. Projeção Gerente de Marketing do Restaurante Vila Paraíso, que fica no distrito de Joaquim Egídio, Fernanda Barreira analisa que o faturamento da casa nas duas últimas semanas não chegou a ser uma surpresa. "Muitos clientes já estavam nos acompanhando e perguntando quando voltaríamos a atender e outros vinham até o restaurante nos finais de semana, achando que já estávamos abertos", conta. Ela acredita que este percentual, mesmo com a restrição de 40% da capacidade, deve aumentar com a liberação de atendimento no jantar, já a partir deste final de semana. A Rede Lanchão, que está atendendo neste período apenas por delivery e retiradas, reabrirá todas as unidades com atendimento presencial até as 22h. "Estas medidas, com certeza, permitindo o atendimento presencial, devem aumentar o fluxo de pessoas e vendas", afirma Roger Domingues, sócio da rede. Diretor do Dom Brejas Brew, Dino Ramos esclarece que 75% das vendas ainda são oriundas do delivery e 25% do atendimento presencial. "No último sábado, quando funcionamos até 17h, já notamos as vendas divididas meio a meio", revela. "Com o atendimento permitido até 22h, com certeza o atendimento presencial deve se ampliar e nossas vendas chegarem a cerca de 60% antes da pandemia", projeta. Regras Para o presidente da Abrasel RMC, Matheus Mason a volta de um número maior de clientes aos bares e restaurantes vai demandar algum tempo e trabalho forte do setor para passar segurança do que foi implantado em termos de regras e procedimentos. "Isso passa pelo respeito à abertura no horário permitido e à não aglomeração de pessoas", frisa. Em sua opinião, a população precisa se sentir confortável e segura. "Aglomeração atrapalha muito. Isso é ruim. Estamos trabalhando junto aos nossos associados para que eles cumpram as regras e possamos avançar para a fase verde de forma segura", alerta Mason. Demissões chegaram a 22 mil na RMC Com atendimento presencial suspenso desde março por conta da pandemia, o setor de alimentação fora do lar na RMC foi fortemente impactado pela crise. Sem vendas, caixa e financiamento bancário, os bares e restaurantes, responsáveis por 35% do Produto Interno Bruto (PIB) regional da área de turismo, demitiram 22 mil funcionários.  número de estabelecimentos com operações encerradas chega a 4,5 mil, de acordo com os dados apurados pela Abrasel RMC. Antes da pandemia, a entidade estimava que o setor contava com cerca de 12 mil estabelecimentos na RMC, e empregava mais de 60 mil pessoas. A recuperação deve ser lenta, pois além das dificuldades atuais, uma pesquisa recente divulgada pela IPC Maps indicou queda de 39,91% na expectativa de consumo com alimentação fora do lar neste ano.

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