coronavírus

Austrália reconfina cinco milhões

Após alguns dias sob controle, doença ressurge com força em Melbourne que se fechou novamente

France Press
10/07/2020 às 10:19.
Atualizado em 28/03/2022 às 21:14
Belgrado, capital sérvia, vive segundo dia de violentos protestos contra medidas de confinamento do governo (Andrej Isakovic/AFP)

Belgrado, capital sérvia, vive segundo dia de violentos protestos contra medidas de confinamento do governo (Andrej Isakovic/AFP)

Cinco milhões de australianos retornaram ao confinamento ontem, enquanto a pandemia de coronavírus prossegue em aceleração nos Estados Unidos, com mais de três milhões de casos, e Brasil, com 1,7 milhão de infectados, incluindo o presidente Jair Bolsonaro. Mais de 12 milhões de pessoas foram infectadas pelo novo coronavírus no mundo, quase metade delas na América Latina e Estados Unidos, segundo um balanço da AFP. A Organização Mundial da Saúde (OMS) advertiu que as "divisões" da comunidade internacional fazem com que o vírus ganhe terreno. "Não poderemos derrotar a pandemia se estamos divididos", declarou Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor geral da organização. Diante do avanço da pandemia, Melbourne, a segunda maior cidade da Austrália, decidiu impor novamente o confinamento, poucas semanas depois de suspender as restrições. "A ideia de não poder ver as pessoas que você ama e com as quais está preocupado é realmente angustiante", disse, entre lágrimas, Monica Marshall, moradora de Melbourne que viu sua mãe de 91 anos passar a morar recentemente em uma casa de repouso. Sem vacina ou tratamento efetivo disponível, os especialistas consideram necessário o distanciamento social para conter o vírus, mas a medida provoca em várias partes do mundo, por falta de informação e por seus custos econômicos. Em Melbourne, os compradores esvaziaram as prateleiras dos supermercados e a principal rede do país voltou a impor restrições para a venda de alguns produtos. Na Europa, onde muitos países conseguiram controlar os focos de epidemia, a França afirmou que permanece em alerta por um possível novo surto. O novo primeiro-ministro do país, Jean Castex, prometeu, no entanto, que o país não voltará a impor um confinamento tão severo como o anterior. "Aprendemos que as consequências econômicas e humanas de uma quarentena total são desastrosas", declarou.  Nos Estados Unidos, o presidente Donald Trump enfrenta os especialistas do próprio governo e critica o Centro para o Controle e Prevenção de Doenças por recomendar uma reabertura das escolas que o chefe de Estado considera muito restritiva. Autoridades locais se esforçam para conter a propagação do vírus, que soma milhares de casos a cada dia. Muitas cidades e estados americanos foram obrigados a recuar nas medidas de reabertura. Caos em Belgrado Belgrado, capital da Sérvia, viveu uma segunda noite de distúrbios pelos confrontos entre policiais e manifestantes. Os manifestantes estão indignados com a forma como o governo combate a pandemia de coronavírus.  Nuvens de gás lacrimogêneo e fumaça encheram o centro de Belgrado em meio a cenas caóticas que lembraram a violência da noite anterior, quando a polícia dispersou milhares de pessoas que saíram para protestar contra o retorno do confinamento no fim de semana devido ao aumento de novos casos da Covid-19.  Embora o presidente Aleksandar Vucic tenha afirmado que é provável que o toque de recolher do fim de semana seja suspenso, milhares de pessoas se reuniram em frente ao Parlamento novamente para protestar.  A indignação está concentrada no presidente, a quem os críticos acusam de ter favorecido uma segunda onda da epidemia ao suspender muito rápido o confinamento para realizar as eleições de 21 de junho.  "O governo apenas procura proteger seus próprios interesses, as pessoas são danos colaterais", disse Jelina Jankovic, 53 anos, no meio do protesto. Comitê vai avaliar gestão da pandemia A Organização Mundial da Saúde (OMS), muito criticada por sua gestão da pandemia do novo coronavírus, anunciou ontem a criação de um grupo independente de especialistas, cujo mandato será elaborado em consulta com os Estados membros. "Estou orgulhoso de anunciar que a ex-primeira-ministra (da Nova Zelândia) Helen Clark e a ex-presidente (da Libéria) Ellen Johnson Sirleaf aceitaram presidir conjuntamente o comitê de avaliação (...) sobre a preparação e a resposta às pandemias", anunciou o diretor geral da OMS, Tedros Adhanom  Ghebreyesus, a diplomatas dos Estados membros. "Não consigo imaginar duas personalidades mais independentes para fazer essa avaliação honesta e nos ajudar a entender o que aconteceu e o que devemos fazer para evitar essas tragédias no futuro", afirmou.  "É hora de ter uma reflexão muito honesta. Cada um de nós deve se olhar no espelho. A OMS, os Estados membros, todos os que estiveram envolvidos na resposta" à crise, insistiu Tedros. O comitê de avaliação da OMS apresentará seu relatório à Assembleia Geral da OMS em novembro.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Correio Popular© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por