INTERNACIONAL

Ataques do governo contra extremistas matam 15 civis na Síria

Os últimos ataques de uma onda de bombardeios sem precedentes do governo sírio no bastião extremista no noroeste do país mataram pelo menos 15 civis - informou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH)

AFP
29/05/2019 às 11:20.
Atualizado em 03/04/2022 às 09:38

Os últimos ataques de uma onda de bombardeios sem precedentes do governo sírio no bastião extremista no noroeste do país mataram pelo menos 15 civis - informou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).Ataques aéreos, alguns com bombas de barril e fogo de artilharia - tanto por parte de forças do governo quanto russas - deixaram dezenas de civis mortos nas últimas semanas.A violência, que pôs fim a uma frágil trégua entre Moscou e Ancara em setembro, provocou o deslocamento em massa das populações locais e levou a Síria à beira da pior catástrofe humanitária em oito anos de conflito.Na terça-feira, os Estados Unidos e a ONU exigiram o fim dos bombardeios, que apenas nesse dia deixaram 27 civis mortos em várias localidades das províncias de Idlib, ou Aleppo. Entre as vítimas, há 11 crianças, de acordo com o OSDH.Foi o dia mais sangrento para os civis em um mês de ataques quase diários, disse o diretor do OSDH, Rami Abdel Rahman.Hoje, porém, os ataques aéreos continuaram, deixando 15 civis mortos, incluindo três crianças. Entre eles, sete civis morreram por ataques na localidade de Sarja, que se encontra na primeira linha que separa os territórios controlados pelos jihadistas de Hayat Tahrir al-Cham (HTS, ex-braço sírio da Al-Qaeda) das zonas governamentais vizinhas, segundo o OSDH."Os bombardeios do regime e da Rússia continuam com intensidade em várias regiões. Os ataques russos se concentram na cidade de Khan Shaykhun e seus arredores", afirmou Abdel Rahman.A agência estatal de notícias síria Sana informou que uma mulher foi morta por disparos de foguetes de "grupos terroristas" sobre uma localidade controlada pelas forças do governo no norte da província de Hama, vizinha de Idlib.- "Não pouparemos esforços" -Grande parte de Idlib e setores nas províncias vizinhas de Hama, Aleppo e Latákia estão nas mãos do HTS.As forças fiéis ao governo Bashar Al-Assad controlam uma parte do sudeste e outra do leste de Idlib.Desde o final de abril, por meio de ataques aéreos, mas também de combates em terra, conseguiram recuperar várias cidades no sul desta província e no norte de Hama.Os analistas pensam que o governo de Assad e seus aliados continuarão bombardeando sem pausa essa área. Não lançarão um assalto por terra, porém, porque isso criaria um caos às portas da Turquia.Ontem, o enviado da Síria na ONU, Bashar Jaafari, disse que Damasco "não poupará esforços" para libertar a população de Iblid do controle jihadista, segundo declarações divulgadas por Sana.Já a responsável pelo Departamento de Assuntos Humanitários da ONU, Ursula Mueller, afirmou no Conselho de Segurança das Nações Unidas que cerca de 270.000 pessoas fugiram dos combates em Idlib desde o final de abril.Segundo ela, a continuação das operações militares pode levar à paralisação total do trabalho das organizações humanitárias.O Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha) informa que 23 hospitais e clínicas foram atingidos pelos ataques, ou por tiros de artilharias nesse período.Apontando o dedo ao mesmo tempo para Assad e para os russos, o governo americano exigiu o fim dos ataques aéreos."Os ataques indiscriminados de civis e de infraestruturas públicas, como escolas, mercados, ou hospitais, constituem uma escalada desnecessária e inaceitável", declarou ontem a porta-voz do Departamento de Estado americano, Morgan Ortagus.Já a União das Organizações de Socorro e Cuidados Médicos (UOSSM) condenou a morte, na segunda-feira, dos três filhos e da mulher de um de seus funcionários nos ataques do governo sobre a localidade de Ariha, na província de Idlib.Em um comunicado divulgado nesta quarta, essa ONG médica francesa denunciou "os ataques aéreos lançados contra civis", exigindo que "os autores destes atos sejam considerados responsáveis por crimes de guerra imediatamente".Em alguns vilarejos, escavadoras abriram novos túmulos, e os civis enterraram seus mortos ao anoitecer para evitar serem vítimas de novos ataques.O número de civis mortos passa de 270, segundo o OSDH.Na Síria, a guerra iniciada em 2011 deixou mais de 370.000 mortos e levou ao deslocamento de milhões de pessoas.tgg/bek/vl/mar/zm/tt

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