SÍRIA

Ataques aéreos diminuem esperanças de trégua

Bashar al-Assad decretou anistia aos presos, à exceção dos terroristas

France Press
23/10/2012 às 13:07.
Atualizado em 26/04/2022 às 19:59

O Exército sírio efetua nesta terça-feira ataques aéreos em Aleppo e Damasco, o que deixa pouca esperança para um cessar-fogo durante a festa muçulmana do Eid al-Adha na sexta-feira.

Em uma aparente tentativa de apaziguamento, o presidente Bashar al-Assad, com suas tropas envolvidas em um conflito com os rebeldes que causou pelo menos 34 mil mortes em 19 meses, decretou anistia aos presos, à exceção dos "terroristas", termo utilizado pelo regime para designar os rebeldes.

De acordo com o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), dezenas de milhares de civis foram presos e outros milhares desapareceram nas prisões do regime desde o início da revolta, em meados de março de 2011.

A três dias do Eid al-Adha, durante o qual o mediador internacional Lakhdar Brahimi pediu uma trégua nos combates entre rebeldes e forças do regime, a aviação bombardeou uma área rebelde em Aleppo, a metrópole do norte, informou o OSDH, que se baseia em uma rede de ativistas e médicos no terreno.

Em Damasco, as forças de segurança realizaram operações de busca no bairro de Al-Zahra. Durante a noite, um homem foi morto em uma explosão no sul de Damasco.

No leste do país, combates foram relatados perto da sede da segurança política em Deir Ezzor, que os rebeldes tentam controlar.

Apesar de as autoridades terem considerado "bem sucedida" a missão do mediador, Brahimi não conseguiu qualquer garantia para uma trégua temporária ou duradoura.

Perguntado se as duas partes chegaram a um acordo, Faisal Moqdad, vice-ministro das Relações Exteriores respondeu à imprensa que "isso precisa acontecer de forma rápida".

Damasco também acusou a França de dificultar os esforços para pôr fim à violência devido ao seu apoio a "terroristas" e pediu "ao Conselho de Segurança da ONU que leve a sério a questão do papel da França".

ONU planeja uma força de paz

"Nada sugere que as armas vão se calar", afirmou à AFP Rami Abdel Rahman, chefe do OSDH, considerando que "nem os rebeldes nem o governo parecem dispostos a um cessar-fogo", no dia em que mais 45 pessoas morreram, entre elas 19 civis, 13 soldados e 13 rebeldes, de acordo com uma contagem preliminar do OSDH.

Considerando uma possível trégua da violência, a ONU trabalha em um projeto de criação de uma força de manutenção de paz na Síria, anunciou o chefe de operações de paz da ONU, Hervé Ladsous na segunda-feira.

"Estamos nos preparando para agir se necessário e se um mandado for aprovado" pelo Conselho de Segurança, declarou em Nova York.

Os 15 membros do Conselho estão profundamente divididos em torno da questão, Moscou e Pequim protegem seu aliado sírio usando seu poder de veto.

O Irã, outro aliado de Damasco, anunciou que um "diálogo nacional" envolvendo todas as partes sírias pode ter início "em breve", em Teerã ou em outros países da região.

Este diálogo vai reunir grupos "(...) da oposição e representantes do poder", disse o vice-ministro das Relações Exteriores iraniano, Hossein Amir-Abdollahian, embora reconheça que o Irã "ainda tenta convencer" alguns movimentos opositores que se recusaram a participar.

O número de refugiados sírios no Líbano superou a marca de 100.000, de acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur). Turquia, Jordânia e Iraque já haviam superado este número.

Depois de o mediador internacional ter alertado para a possibilidade de um transbordamento do conflito sírio, o Exército libanês permanece presente nos bairros de Beirute e Trípoli (norte), após a violência desencadeada por um ataque mortal atribuído pela oposição ao regime sírio .

Membros da oposição libanesa hostil ao regime de Damasco afirmaram ainda que haviam recebido mensagens de texto com ameaças enviadas de um número sírio, antes e depois do assassinato de um chefe da polícia em 19 de outubro.

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