Depois de um ano de pesadelo para o Facebook, abalado por uma série quase ininterrupta de polêmicas, a rede social tentará restaurar a confiança nos usuários e investidores, publicando seus resultados anuais nesta quarta-feira (30)
Depois de um ano de pesadelo para o Facebook, abalado por uma série quase ininterrupta de polêmicas, a rede social tentará restaurar a confiança nos usuários e investidores, publicando seus resultados anuais nesta quarta-feira (30).E não será fácil para o grupo de Mark Zuckerberg, criticado, entre outros, por servir como plataforma para manipulação política, ou por ter protegido mal os dados pessoais de seus usuários.O grupo celebra seus 15 anos no início de fevereiro, e se encontra num importante ponto de sua história. Além de todos os escândalos que custaram caro em termos de imagem e que forçaram a rede a gastar muito para monitorar conteúdo, o Facebook também enfrenta uma crise de crescimento."Estamos navegando em meio a desafios e oportunidades em muitas frentes", resumiu Mark Zuckerberg em outubro.Com 2,27 bilhões de usuários ativos, a rede social luta para atrair novos usuários, especialmente nos países desenvolvidos, perto da saturação. Os mais jovens, atraídos por outras plataformas como o Instagram (de propriedade do Facebook), ou Snapchat, também estão abandonando cada vez mais o Facebook, visto como uma rede "para os pais".Saturação também para a publicidade: o Facebook avisa que, desde 2016, o crescimento de sua receita, composta quase inteiramente por publicidade, acabaria por diminuir o ritmo, uma desaceleração já visível nos resultados trimestrais publicados em outubro.Mark Zuckerberg foi claro: o ano de 2019 será ainda de investimentos, mas também de reposicionamento em direção a formatos de comunicação mais privados (como "Stories"), dos quais os consumidores se tornaram mais afeiçoados.- Novo começo? -Ainda assim, o Facebook se mantém, de longe, como a maior rede social do mundo e continua a ser um mastodonte da publicidade digital - especialmente desde que pôde contar com outros serviços, cada vez mais bem-sucedidos, como Instagram, Messenger e WhatsApp.Por enquanto, não há nenhuma indicação de que os anunciantes estejam abandonando a plataforma, como mostra a previsão da eMarketer. Nesse sentido, contando com a ajuda do Instagram, a expectativa é que sua quota de mercado aumente este ano e atinja 20,5% do mercado global de publicidade digital.Os analistas apontam que o mais importante para o grupo é restaurar a confiança."O Facebook precisa de um novo começo em 2019. Seus números sobre o número de usuários e seu volume de negócios no último trimestre vão nos dizer se isso é realmente possível", estima Debra Aho Williamson, da eMarketer."Para o Facebook seguir adiante, terá que mostrar que o número de usuários ativos mensais e diários se estabilizou nos Estados Unidos, no Canadá e na Europa, e que sua capacidade de aumentar sua receita de publicidade nessas importantes regiões não foi seriamente prejudicada pelos escândalos e investigações de 2018", acrescenta.O Facebook vai, sobretudo, esforçar-se para apagar o fiasco mundial do escândalo da Cambridge Analytica, que eclodiu em março de 2018: dados pessoais de milhares de usuários da rede social acabaram nas mãos desta empresa britânica de análise de dados que trabalhou para a campanha presidencial de Donald Trump em 2016.Este escândalo, assim como a implementação do Regulamento Europeu de Proteção de Dados (RGPD), em maio passado, colocou o Facebook na mira dos reguladores.Ansioso para tranquilizar anunciantes, usuários e investidores, Mark Zuckerberg se pronunciou na semana passada em vários jornais internacionais.Ele defendeu mais uma vez seu modelo de negócios baseado em publicidade e, portanto, na coleta de dados pessoais."Nós não vendemos os dados das pessoas", garantiu ele, assegurando que fornece aos usuários as ferramentas necessárias para controlar o uso de suas informações.Na segunda-feira, Zuckerberg também prometeu novas medidas para impedir interferência nas eleições europeias de maio.gc-jc/vog/AB/cn/mr/ttFacebook