INTERNACIONAL

Anfitriã da COP24, Polônia hesita em abandonar o carvão

A Polônia, país anfitrião da Conferência sobre o clima (COP24), tem dificuldades de renunciar ao carvão, seu "ouro negro" de outrora, embora este seja poluente e cada vez mais caro

AFP
30/11/2018 às 15:40.
Atualizado em 05/04/2022 às 23:28

A Polônia, país anfitrião da Conferência sobre o clima (COP24), tem dificuldades de renunciar ao carvão, seu "ouro negro" de outrora, embora este seja poluente e cada vez mais caro.Milhões de poloneses sofrem de ardência nos olhos devido ao smog (neblina com poluição), causado em grande parte pelo carvão, e suas cidades estão entre as mais poluídas da Europa. Se o país pretende cumprir os objetivos do Acordo de Paris sobre o clima e reduzir suas emissões de CO2, terá que realizar grandes esforços. Segundo os especialistas do Instituto de Pesquisas Estruturais (IBS) de Varsóvia, a Polônia teria que diminuir a utilização do carvão para que a parte deste na produção de eletricidade seja de 39% em 2030.Mas a Política Energética do Estado (PEP), apresentada em 23 de novembro pelo ministro da Energia, Krzysztof Tchorzewski, prevê que nesse ano 60% da energia elétrica procederá do carvão (em comparação com 80% em 2017). O ministro se mostra, no entanto, disposto a conciliar esta previsão com os objetivos da UE em relação à redução de emissões de CO2. Espera poder reduzi-las em 30% até 2030 em relação ao nível de 1990, principalmente reduzindo o desperdício de energia. Segundo a PEP, a parte do carvão deveria reduzir realmente entre 2030 e 2040, quando o governo espera que caia até 32% no mix energético, graças à energia nuclear.O programa prevê a abertura de seis usinas nucleares a partir de 2033, assim como novas minas de carvão e a redução da energia eólica terrestre em benefício das turbinas marítimas. - 'Impacto negativo' -"A Polônia se opõe ao aumento dos objetivos de redução de CO2 adotados pela UE para o ano 2030, pois isto teria um impacto negativo no setor da energia elétrica e no conjunto da economia polonesa", aponta um documento do ministério polonês de Energia, publicado em 13 de novembro. Apesar disso, graças às fontes de energia renováveis e à pressão da UE, a parte do carvão na produção de energia elétrica da Polônia passou de 98% em 1990 a 80% em 2017, segundo dados oficiais. Mas sua produção continuará sendo mais ou menos estável, admitiu recentemente Piotr Naimski, secretário de Estado de Infraestruturas Energéticas. E ainda que esta baixe, a Polônia continuará comprando carvão no exterior, sobretudo da Rússia. Em 2018, as importações do mineral aumentaram ligeiramente, até 12 milhões de toneladas entre janeiro e setembro. "A Polônia não tem estratégia, o que prima é o interesse político a curto prazo, as decisões difíceis se adiam", afirma Marek Jozefiak, especialista em carvão no Greenpeace. Menciona, por exemplo, que recentemente se começou a construir uma usina de carvão a 200 km de uma mina em um feudo eleitoral do ministro da Energia. Para Piotr Siergiej, ativista na organização "Alarme antismog polonês", o fator econômico também influencia, pois o gás ficou mais caro e as pessoas passaram a buscar mais o carvão. No entanto, ressalta Siergiej, a lógica econômica vai no sentido contrário.Segundo o Tribunal de Contas polonês, a indústria mineira recebeu mais de 15 bilhões de euros em subvenções entre 2007 e 2015.Levando em conta o custo das doenças causadas pela poluição, aponta o ecologista, essas subvenções deveriam ser destinadas a outras fontes de energia, economizando, além disso, no setor de saúde.via/sw/jvb/ra/db

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Correio Popular© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por