Inquérito apura se o presidente tentou interferir politicamente na Polícia Federal, conforme informações prestadas pelo ex-ministro da Justiça Sérgio Moro, ao deixar o governo, em abril do ano passado
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) (Divulgação)
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta quinta-feira, 7, que a Polícia Federal tome o depoimento do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no inquérito que apura se ele tentou interferir politicamente na corporação. O prazo dado aos investigadores foi de 30 dias.
A decisão foi tomada depois que o presidente se antecipou ao julgamento no STF sobre a modalidade do interrogatório e comunicou que se apresentará pessoalmente diante dos investigadores. Ao tribunal, a Advocacia-Geral da União (AGU), que representa os interesses do Planalto, disse que a mudança de posição teve como motivação a 'plena colaboração' com as apurações.
Como mostrou o Estadão, a tendência entre os ministros era obrigar o presidente a responder presencialmente aos questionamentos. A matéria ficou quase um ano parada na Corte e, após a manifestação da AGU, foi para gaveta sem um posicionamento do tribunal. O entendimento poderia ser aplicado em outros inquéritos em que o presidente é investigado e deve ser chamado a depor - pelo vazamento de dados de um inquérito sigiloso da PF sobre a invasão de hakers ao sistema do Tribunal Superior Eleitoral (TSE); pela transmissão ao vivo na qual prometia apresentar provas de fraudes nas urnas eletrônicas; e por possível prevaricação ao ser comunicado de supostas irregularidades no processo de aquisição da vacina Covaxin pelo Ministério da Saúde.
Diante do recuo do Planalto na tarde desta quarta-feira (6), minutos antes do julgamento, Moraes pediu que o processo fosse retirado da pauta de julgamentos. Ao examinar a manifestação da AGU, o ministro concluiu que a análise do caso pelo tribunal ficou 'prejudicada'.
O depoimento de Bolsonaro é uma das últimas pendências para a conclusão da investigação aberta a partir de informações prestadas pelo ex-ministro da Justiça Sérgio Moro ao deixar o governo, em abril do ano passado. O ex-juiz da Lava Jato levantou suspeitas sobre uma suposta tentativa do presidente de substituir encarregados por postos de comando na Polícia Federal em uma tentativa de blindar familiares e aliados de apurações.