INTERNACIONAL

Alemanha freia os ambiciosos planos da França para a Europa

Os principais projetos de reforma da União Europeia, promovidos pelo presidente francês Emmanuel Macron, estão cada vez mais prejudicados pelas diferenças com a Alemanha em questões como a defesa comum ou a criação de um Fundo Monetário Europeu

AFP
18/04/2018 às 14:10.
Atualizado em 27/04/2022 às 13:00

Os principais projetos de reforma da União Europeia, promovidos pelo presidente francês Emmanuel Macron, estão cada vez mais prejudicados pelas diferenças com a Alemanha em questões como a defesa comum ou a criação de um Fundo Monetário Europeu.Quase um ano depois de sua eleição com um discurso muito pró-europeu, seguida de declarações sobre a necessidade de uma reação europeia após o Brexit, pode ser que a desilusão tenha chegado para Macron. "Isso parece muito difícil e, na minha opinião, apenas acontecerão pequenas reformas", disse à AFP Stefani Weiss, analista da fundação alemã Bertelsmann. A revista Der Spiegel vai além: "A iniciativa europeia do presidente francês está morte e enterrada após apenas sete meses". A visita de Macron a Berlim nesta quinta-feira vai permitir averiguar o tamanho da distância que lhe separa do governo de Angela Merkel - uma coalizão de conservadores e social-democratas - em temas como a política de defesa europeia. - Caso sírio -Para além dos grandes discursos, os recentes bombardeios ocidentais na Síria demonstram as diferenças entre França e Alemanha no âmbito militar. No seio da UE, apenas França e Reino Unido - que vai deixar o bloco no ano que vem - se associaram aos Estados Unidos para esses ataques contra instalações do regime sírio. A Alemanha se negou a participar, mas apoio a ofensiva. Essa postura de Merkel desperta controvérsia, embora se explique pelas rigorosas pressões parlamentares na Alemanha e o pacifismo de grande parte da opinião pública."Quando há homens massacrados, é preciso passar à ofensiva", criticou um ex-ministro de Defesa da chanceler, Karl-Theodor zu Guttenberg. Em entrevista ao jornal Bils, ele denunciou as "palavras vazias" de um governo que repete sua intenção de assumir mais responsabilidade internacionais, enquanto "deixa o trabalho sujo para os outros". Para o jornal Die Welt, "Macron busca Trump no conflito na Síria, e não Merkel", que tinha afirmou recentemente a necessidade de a Europa contar consigo mesma diante do isolamento americano. O problema é que na Alemanha a questão do uso da força militar continua a ser um tabu, apesar das missões comuns com a França em locais como Mali. Além disso, mesmo que Berlim quisesse se comprometer mais em matéria de defesa, não poderia, devido ao mau estado de seu material militar - provocado pela escassez de investimentos. "A Alemanha está presa entre a falta de vontade e de capacidade de agir" e, com a Síria, "mostrou que não pode aspirar ao posto de potência dominante na Europa", acredita Thomas Jäger, professor de Relações Internacionais em Colônia. - Reforma da zona do euro -O futuro de outro grande projeto de Macron, a reforma da zona do euro, com a criação de um orçamento autônomo para estimular o investimento a do cargo de ministro de Finanças, também está em suspenso. No novo governo alemão, muito frágil politicamente, os conservadores mostram ceticismo crescente em relação aos planos do presidente francês, mantendo sua tradicional aversão à ideia de ter que pagar pelos outros. Neste semana, vários membros do partido da chanceler criaram entraves ao projeto de criação de um Fundo Monetário Europeu. "Não sei porque teria que fazer da felicidade de Macron o centro do meu programa político", criticou na terça-feira um dos dirigentes do grupo parlamentar conservador, Alexander Dobrindt. "Além dá pulos de alegria em Berlim quando se fala em 'orçamento da zona do euro'? Não acredito que sim", reconhece, sob anonimato, um funcionário francês de alto escalão.Mas este projeto não é fruto do "prazer nefasto e muito francês de criar gasto público, mas uma necessidade. E a noção de insuficiência dos investimentos na zona do euro é um assunto comentado em todos os lugares, inclusive na Alemanha", garante. ylf/alf/cn/gm/ll

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