Alemanha abandona investigação contra ex-médico de Colônia Dignidade

A Justiça alemã abandonou nesta terça-feira (7) a investigação contra Hartmut Hopp, de 74 anos, um ex-médico da Colônia Dignidade - comunidade alemã fundada por um nazista no sul do Chile -, apesar de ele ter sido condenado no país sul-americano por cumplicidade em abusos contra menores.Hopp era médico da comunidade, onde abusos eram cometidos contra seus membros, adultos e crianças, e que também foi usado como centro de tortura de opositores durante a ditadura de Augusto Pinochet, entre 1973 e 1990.Os promotores da cidade de Krefeld afirmaram que "esgotadas todas as pistas promissoras de investigação, não foi possível corroborar elementos de suspeita suficiente para um processo legal".O médico era colaborador do pedófilo Paul Schaefer, um ex-soldado da Wehrmacht (Forças Armadas da Alemanha nazista) e pregador, que em 1961 fundou a comuna em que doutrinava seus membros e os submetia a condições de escravidão.A dimensão das atrocidades cometidas nessa comunidade isolada, com uma área de 13.000 hectares, localizada em uma área montanhosa cerca de 350 quilômetros ao sul de Santiago, só veio à tona no fim da ditadura de Pinochet.Hopp foi condenado no Chile por crimes incluindo cumplicidade nas violações cometidas por Schaefer e abuso sexual de menores. Em 2011, ele fugiu para a Alemanha antes de a Justiça chilena pronunciar sua sentença.Um tribunal alemão confirmou em primeira instância a sentença chilena de cinco anos e um dia de prisão, em uma decisão de 2017.No entanto, a decisão foi anulada em setembro de 2018 por um tribunal superior em Düsseldorf, que determinou que as provas fornecidas pelos tribunais chilenos não eram suficientes para o tribunal alemão.Este tribunal observou que não havia encontrado provas concretas de que Hopp, que dirigia a clínica da comunidade, tivesse ajudado ativamente, ou encorajado, os abusos cometidos por Schaefer, que administrava a colônia.bur-fz/ryj/pc/age/mb/mr/tt