Discurso, ligado aos "falcões" nacionalistas, era acompanhado com atenção, já que dentro de algumas semanas o primeiro-ministro terá que falar sobre os 70 anos do fim da II Guerra Mundial
Abe demonstrou remorso da participação do Japão na Segunda Guerra Mundial, porém, não houve pedido de desculpas (France Press)
O primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, expressou nesta quarta-feira (22) o "profundo remorso" do Japão por suas agressões durante a II Guerra Mundial, durante uma reunião de cúpula Ásia-África em Jacarta, mas sem chegar a pedir desculpas, o que pode irritar a China.Em uma referência aos princípios de paz no 60º aniversário da conferência que criou o Movimento de Países Não Alinhados, Abe declarou: "O Japão, com sentimentos de profundo remorso sobre a última guerra, prometeu continuar sendo uma nação que sempre seguirá estes princípios, independente das circunstâncias".Um porta-voz do governo japonês em Tóquio destacou que um encontro entre Abe e o presidente chinês Xi Jinping estava sendo planejado para acontecer durante a reunião de cúpula. Os dois dirigentes teriam apertado as mãos antes do evento.Um novo encontro entre Abe e Jinping seria um importante sinal de distensão após as tensões bilaterais sobre o passado japonês durante a guerra e disputas territoriais.O discurso de Abe, ligado aos "falcões" nacionalistas nipônicos, era acompanhado com atenção, já que dentro de algumas semanas o primeiro-ministro japonês terá que falar sobre os 70 anos do fim da Segunda Guerra Mundial.Alguns analistas estão na expectativa sobre a possibilidade de Abe fazer uma referência direta ao passado imperialista do Japão e expressar "remorso", assim como desculpas, como já fizeram ex-chefes de Governo durante os aniversários de 50 e 60 anos do fim do conflito.Em Tóquio, no entanto, mais de 100 parlamentares japoneses visitaram nesta quarta-feira, por ocasião de um festival da primavera, o santuário Yasukuni, um local de culto considerado por China e Coreia do Sul como um símbolo do passado militarista do Japão. No total, 106 deputados e senadores de diferentes partidos políticos visitaram o local. Nenhum ministro do governo conservador Shinzo Abe participou no ato.Yasukuni homenageia 2,5 milhões de mortos nas últimas guerras, incluindo 14 criminosos de guerra condenados pelos aliados após a rendição do Japão em 1945.China e Coreia do Sul, vítimas do expansionismo japonês da época, não aceitam as visitas de políticos nipônicos ao santuário, pois consideram que a atitude glorifica o imperialismo do país.