Esses alicerces são "mais equilibrados" que os dos Estados Unidos, da Grã-Bretanha e do Japão
A recuperação da zona do euro "será lenta, mas progressiva e sólida", graças aos bons alicerces de sua economia, considerou nesta quinta-feira o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi.
Esses alicerces são "mais equilibrados" que os dos Estados Unidos, da Grã-Bretanha e do Japão, declarou Draghi durante uma coletiva de imprensa mensal em Frankfurt, sede da instituição monetária.
"Contudo, o desemprego está deploravelmente elevado", disse Draghi. "Além disso, a atividade econômica de uma maneira geral está fraca e deve permanecer assim no curto prazo", completou.
Ao mesmo tempo, disse o presidente do BCE, com o fornecimento de moeda e com o crédito ainda fracos, as pressões inflacionárias têm sido contidas.
Quanto à Alemanha, maior economia da Europa, Draghi disse que o país conseguiu permanecer até agora imune às dificuldades do continente, mas que sua economia começa a dar sinais dos efeitos da crise.
Essa avaliação foi endossada por uma avaliação publicada anteriormente por um painel de assessores econômicos do governo alemão, os chamados "5 sábios".
"A Alemanha não pode mais driblar os problemas da economia externa", disseram os assessores.
Diferentemente dos vizinhos europeus, a Alemanha tem resistido à crise graças a profundas e dolorosas reformas estruturais implementadas anos atrás. Contudo, o crescimento do país tem diminuído neste ano. Após uma expansão de 0,5% no primeiro trimestre, a economia cresceu 0,3% no segundo trimestre e esse crescimento tende a se abrandar novamente no terceiro trimestre.
"O impulso econômico na Alemanha deve atingir um teto no quarto trimestre", disseram os Cinco Sábios, prevendo crescimento de 0,8% para o conjunto de 2012.
Draghi também aproveitou para rebater as acusações de que as compras ilimitadas de títulos pelo BCE são uma maneira de disfarçar o financiamento de Estados.
"As intervenções acontecerão apenas no mercado secundário, onde as obrigações já emitidas são negociadas. E só serão compradas obrigações com vencimentos entre um e três anos", disse.
O presidente do BCE insistiu que mesmo essas intervenções não gerarão inflação.
"Para cada euro injetado por nossas intervenções, vamos retirar um euro. Assim, as operações não afetarão as condições monetárias", afirmou.
Draghi também aproveitou para anunciar que o BCE colocará progressivamente em circulação a partir de maio de 2013 uma segunda série de notas de euros. O primeiro bilhete novo que será introduzido será o de cinco euros.
Os demais serão introduzidos ao longo de vários anos. As notas já existentes, lançadas em janeiro de 2002, serão progressivamente retiradas de circulação.
As notas em circulação são de 5, 10, 20, 50, 100, 200 e 500 euros.