JOAQUIM MOTTA

Mulheres Dominadoras

08/02/2013 às 10:04.
Atualizado em 26/04/2022 às 05:17

Um chicote na mão, curvas corporais destacadas por peças justas, corpete e luvas de couro, botas ou scarpins enormes, saltos altíssimos que sugerem pisadas doloridas e penetrantes, cabeleira de fios longos, esvoaçantes, quase sempre loiros ou ruivos, esmalte em cores vivas, batom bem vermelho, olhos realçados por contornos exagerados, maquiagem pesada, gargantilha, próteses mamárias excedentes, apenas parte da tatuagem exposta e detalhes em metal. Essa é a imagem essencial da dominatrix, figura cada vez mais corriqueira no imaginário e na realidade dos parceiros sexuais. Camiseta, jeans, cabelo preso, sandálias rasteiras, uma pulseira no braço direito, relógio no esquerdo, a moça entra em casa com o filho, diz a ele que tome banho antes do jantar. Logo chega o marido, ela anuncia o que terão para comer e indica que sentarão à mesa em 30 minutos. Mais tarde, a criança dormindo, o casal se deita, ela despe a camisola e começa uma intimidade sexual.O jogo de cena da dominação é um circo que pode ser muito sofisticado, divertido e erótico. Mas pequenas tentativas de provocar o parceiro doméstico também podem render prazeres extraordinários. Na época de hoje, o sexo está muito explícito, tudo se exibe e o mercado teatraliza com muita sofisticação, mas o prazer não está garantido.As duas moças aparentemente opostas dos exemplos acima podem ser a mesma, em papéis diferentes. Uma atriz fazia o papel de dominatrix em 3 noites da semana, profissionalmente, e nas outras convivia com marido e filho como simples membro da família. O sexo com o companheiro era satisfatório, não exigia nenhum detalhe de dominação e, às vezes o casal brincava com fetiches de podofilia e sadomasoquismo.Algumas mulheres que se consideram dominadoras tentam atuar na intimidade sexual e na sociedade do mesmo modo. São aquelas apelidadas de “sargentonas”. Dizem que “comandam dentro e fora de quatro paredes", têm autonomia e repelem a ideia de um homem provedor.A segurança e a independência econômica não exigem dominação íntima. Obviamente, há muitas mulheres que são autônomas e preferem uma atuação mais submissa na cama.Estudos sobre esses papéis também costumam mostrar que há muitas mulheres dóceis, discretas e submissas no convívio social que, no aspecto sexual, revelam seu lado fortemente dominador.Na privacidade de um casal estável ou em sessões fechadas para praticantes eventuais, tudo é consensual e o limite é definido de acordo com cada pessoa.Até a década de 90, o sexo convencional era conhecido como o de “papai e mamãe”, equivalendo à penetração e movimentação genital. De lá para cá, houve uma expansão da intimidade e variação de posições, mas também se limitando a um conjunto rotineiro: sexo oral, manual e anal. Os habituados às práticas sadomasoquistas dizem que isso é “sexo baunilha” (o sabor mais comum dos sorvetes).Ménage à trois (sexo comunitário a 3) tem sido o referencial vanguardista, sugerido como o novo passo de incremento erótico, especialmente pelos homens (eles teriam a suposta vantagem de transar com 2 mulheres).Na pretensão de superar o universo “baunilha”, foram criadas modalidades e siglas: Bondage & Disciplina (imobilizar e obedecer), Dominação & Submissão (bater e sujeitar-se), Sadismo & Masoquismo (judiar e humilhar-se).Resumindo o contexto, firmou-se a sigla única BDSM para todas essas combinações, independentemente da intensidade e estilo.Alguns pares têm uma relação fixa, namoram e praticam habitualmente os jogos sadomasoquistas em sua intimidade. O modo mais fácil de uma soberana encontrar seu escravo é pelos grupos SDBM. Podem ser encontrados na internet.O sucesso do livro "Cinquenta Tons de Cinza", da britânica E. L. James, parece vir na contramão dessas tendências das mulheres dominadoras. Nele, a protagonista se submete ao domínio do namorado.Os trabalhos de sexualidade continuam revelando que a maioria dos homens prefere dominar, e muitas mulheres estão fixadas ao estereótipo de que eles exercem poder e fascínio sobre elas.A novela do horário mais maduro da TV Globo (Salve Jorge) devolve à telinha o encantamento das fardas e galãs militares, reciclando o fetiche delas e ratificando o domínio masculino.O tom sofisticado e lúdico dos acessórios e os toques de fetichismo enriquecem a intimidade sexual dos que se entregam à relação erótica com espontaneidade e liberdade. O prazer tende a se estender e qualificar.Depender de esquemas e produtos pode estreitar o erotismo e promover a vulgaridade no seu pior sentido.Acompanhem o Grupo de Estudos do Amor (GEA). No site www.blove.med.br, clique GEA. Ou procure em http://www.anggulo.com.br/gea/eventos.asp. Inscreva-se para os eventos das segundas-feiras às 19h30, na Livraria Cultura do Shopping Iguatemi.  

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