CARLO CARCANI

Muitos anos de vida

Carlo Carcani
02/04/2013 às 13:00.
Atualizado em 25/04/2022 às 22:14

O Guarani Futebol Clube completa 102 anos hoje sem ter nada a comemorar além de sua história e de sua própria existência. A história ainda é e sempre será motivo de orgulho para o bugrino. A existência, infelizmente, é motivo de preocupação.

Inútil listar aqui problemas que se repetem ano após ano, por motivos diferentes, mas sempre com as mesmas consequências. Com a inesperada renúncia do presidente anterior, o Guarani passou o final do ano passado montando uma nova diretoria. O correto seria que estivesse montando o elenco, tarefa feita às pressas entre o final de dezembro e o início de janeiro. Nessa situação, o risco de fracasso já seria grande, mas então o clube dobrou essa possibilidade ao desmanchar um grupo e formar outro com o campeonato em andamento.

O resultado está aí na classificação do Campeonato Paulista. O time corre o risco de ser rebaixado em último lugar, o que nunca aconteceu nem mesmo nessa era em que o Guarani não consegue completar um ano sequer sem cair ou correr o risco de.

Branco chegou na 4ª rodada e se despediu na 16ª, tempo suficiente para registrar o pior aproveitamento entre os 80 treinadores que comandaram o time em pelo menos dez partidas nos últimos 52 anos.

Isso mostra que o Guarani não apenas não consegue reagir, como ainda está sendo pior do que já foi. A nova diretoria assumiu em uma situação de emergência, sem recursos e é óbvio que é muito difícil gerenciar um clube nessas condições. Mas é preciso tirar lições dessa campanha ridícula para que não se repita na Série C.

A falta de recursos, as heranças nefastas, as contas bloqueadas, as dívidas trabalhistas, os salários atrasados... a lista de dificuldades é enorme, bem conhecida e não para de crescer, como nos lembra a cada jogo o tobogã interditado.

Não é fácil consertar tudo e, mesmo que tivesse dinheiro sobrando, o Guarani ainda levaria alguns anos para voltar a ser o que deve ser. Mas é preciso ter consciência que o momento da virada precisa acontecer logo. A tolerância da Justiça Trabalhista está chegando ao fim e, se continuar assim, o clube poderá perder seu patrimônio. Chegar ao nível ideal é tarefa para anos.

Interromper essa fase de vexames e começar a subir a montanha é tarefa para ontem.

Nesse cenário tão triste, desejo ao Guarani muitos anos de vida. Que seus dirigentes não ignorem a possibilidade de que, em um 2 de abril qualquer, nem mesmo a própria existência o clube tenha para festejar.

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