Que o Campeonato Paulista (assim como os demais estaduais) precisava mudar era evidente. Com pouco mais de 30 dias de intervalo entre o final do Brasileiro e o início da nova temporada ficou claro que não havia tempo para uma pré-temporada ao menos razoável. Os grandes clubes, com elencos maiores e mais qualificados, podem se dar ao luxo de jogar várias partidas com reservas. Os médios e pequenos, sem maiores alternativas, são obrigados a sacrificar seus atletas com um período insuficiente de preparação física, o que aumenta o risco de contusões e provoca queda de performance. A realização de tantos jogos oficiais com reservas já seria motivo para que a CBF, as federações e a própria TV Globo percebessem que ajustes eram necessários. No início da atual temporada, a situação piorou. O Corinthians disputou parte do Paulistão com reservas dos reservas. No Paranaense, o Atlético foi além e disputou todo o campeonato com um time sub-23. Assim, o elenco teve a oportunidade de fazer uma preparação física adequada, o que contribuiu para sua presença na semifinal da Copa do Brasil e no G4 da Série A.Ainda assim, com a flagrante desvalorização dos estaduais, CBF, federações e TV não se manifestaram. Foi necessário que um movimento formado por atletas entrasse em cena para que o assunto ao menos começasse a ser discutido.Foi um avanço, mas delegar a missão de criar um novo regulamento à Federação Paulista é sempre arriscado. Dividir os 20 times em quatro grupos é uma boa ideia para reduzir o número de datas, mas ao invés de fazer uma primeira fase rápida, com jogos de ida e volta dentro de cada grupo, a FPF optou por uma fase de classificação maior, com 15 datas. Assim, os times que vão brigar por duas vagas em cada chave não vão se enfrentar.Não conheço nenhum campeonato em que as equipes sejam divididas em grupos e que não tenha um jogo sequer com times que estão na mesma chave. Além de ruim, a fórmula permite aberrações. Existe a possibilidade de um clube ficar em 2º no grupo (o que lhe daria vaga nas quartas) e ao mesmo tempo em 17º na classificação geral (o que decretaria seu rebaixamento). É ridículo, mas não podemos esperar muito de uma entidade que consegue escrever ou falar errado o nome de quatro times na cerimônia de sorteio dos grupos.Mudar era preciso, mas está claro que o novo formato não pode ir além de 2014. Em virtude da Copa, é aceitável que essa seja uma temporada de transição. Mas o futebol brasileiro precisa melhorar muita coisa para 2015. Com boas doses de competência e bom senso, por favor.