Procuradores acreditam que produtoras possam ser a peça-chave para desmontar modelo de desvios em contratos milionários de propaganda do governo federal
Vice-presidente da Câmara, deputado André Vargas (PT-PR), provoca Barbosa com gesto de mensaleiros em 2014 (Gustavo Lima/Ag.Câmara)
Os procuradores da força-tarefa da Operação Lava Jato vão estender a todos os órgãos públicos federais as investigações sobre o pagamento de propinas para políticos e agentes públicos na área de publicidade. Produtoras de áudio e vídeo do País terceirizadas pelas agências de propaganda detentoras das contas governamentais serão incentivadas a fazer delação premiada.Os procuradores da República acreditam que produtoras possam ser a peça-chave para desmontar a engrenagem de um sistêmico modelo de desvios em contratos milionários de propaganda do governo federal, via pagamentos de comissão para firmas de fachada ligadas a políticos.Para isso, querem a colaboração espontânea das empresas, com a entrega de provas de pagamentos e nomes envolvidos, para possível negociação de redução de pena quanto as implicações criminais e cíveis dessas produtoras.Pelo menos cinco produtoras são investigadas no esquema descoberto pela Lava Jato que levou o ex-deputado petista André Vargas (sem partido-PR), seu irmão Leon Vargas e o publicitário Ricardo Hoffmann, da agência Borghi/Lowe, para a cadeia na sexta-feira - alvos da fase A Origem. a 11ª das apurações.As produtoras de áudio e vídeo Enoise Estúdios, Luiz Portella Produções, Conspiração Filmes, Sagaz Digital e Zulu Fillmes e a agência de publicidade Borghi/Lowe - que mantém contratos com a Caixa Econômica Federal e com o Ministério da Saúde - foram alvos de quebra de sigilos bancário e fiscal decretada pelo juiz Sérgio Moro, que conduz os processos da Lava Jato.As produtoras foram flagradas fazendo pagamentos de comissão para duas firmas de fachada controladas por Vargas e seu irmão (LSI e Limiar Consultoria) por serviços prestados à Borghi/Lowe - nas campanhas publicitárias da Caixa e da Saúde. As cinco produtoras informaram que foram orientadas pelo publicitário Ricardo Hoffmann - que era vice-presidente da filial Borghi/Lowe em Brasília - a realizar os pagamentos nas contas das empresas Limiar e LSI. A Caixa e o ministério disseram que abrirão apuração interna para averiguar os fatos. A agência informou que Hoffmann não é mais funcionário da agência e que cooperou com as buscas. Veja também Youssef pagou R$ 2,3 mi a Vargas, diz Polícia Federal PF tem provas de que a lavanderia de dinheiro do doleiro Alberto Youssef foi usada pelo ex-deputado federal do PT Manifestação contra Dilma reúne 10 mil em direção ao Congresso Dez mil protestam contra o governo Dilma na Esplanada dos Ministérios, manifestantes elogiam a Polícia Federal e cobram prisão para acusados de corrupção Operação Lava Jato investiga Caixa e Ministério da Saúde Polícia Federal prendeu nesta sexta-feira (10) o ex-deputado André Vargas (sem partido) na nova etapa da operação Lava Jato denominada "A Origem" Lava Jato: PF prende André Vargas e três ex-deputados Ao todo, cerca de 80 Policiais Federais cumprem 32 mandados judiciais; investigação vai além da Petrobrás e também abrange desvios de recursos ocorridos em outros órgãos públicos