RIO DE JANEIRO

MP identifica 4 policiais que teriam torturado Amarildo

Promotora diz que agressões ocorreram atrás do contêiner da UPP, no alto da Favela da Rocinha

Da Agência Estado
22/10/2013 às 16:41.
Atualizado em 24/04/2022 às 23:52
Camiseta com imagem de Amarildo usada por um dos moradores da Rocinha durante protesto em agosto deste ano (Agência Brasil)

Camiseta com imagem de Amarildo usada por um dos moradores da Rocinha durante protesto em agosto deste ano (Agência Brasil)

Ao fazer um aditamento à denúncia e acrescentar os nomes de 15 policiais militares supostamente envolvidos na morte do pedreiro Amarildo de Souza, de 43 anos, o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) detalhou nesta terça-feira (22) as conclusões da investigação sobre o caso. Até o momento, de acordo com a promotora Carmen Eliza Bastos de Carvalho, foi possível identificar quatro PMs que tiveram participação ativa nas torturas que mataram Amarildo, desaparecido desde 14 de julho, após ser levado por policiais até a sede da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha, na capital fluminense. A partir do relato de cinco PMs que ficaram dentro de um contêiner e colaboraram com a investigação prestando depoimento, foi possível ouvir de dentro da estrutura de metal a sessão de suplício e reconhecer vozes que indicam a presença ativa do soldado Anderson Maia, do tenente Luiz Medeiros, do soldado Douglas Vital e do sargento Reinaldo Gonçalves. De acordo com Eliza, a sessão de tormento aconteceu atrás do equipamento da UPP, no alto da favela da Rocinha. O pedreiro teria sido submetido a afogamento, com a cabeça dentro de um balde d'água, asfixia com saco plástico e choques elétricos com pistola Taser, de uso restrito e controlado pelo Exército. Ainda segundo a promotora, o corpo teria sido retirado pelo telhado e enrolado pela capa da motocicleta de um dos PMs, atada com fita-crepe. O MPRJ não conseguiu avançar nas apurações sobre o destino dado ao cadáver de Amarildo. Denúncias Do total de 25 PMs denunciados até agora, oito foram enquadrados por omissão - teriam condições de parar a tortura e nada fizeram para cessá-la. Houve ainda 17 acusados por ocultação de cadáver, quatro por fraude processual e 13 por formação de quadrilha. Eliza afirma que o major Edson dos Santos, comandante da UPP na época do crime, cometeu fraude por duas vezes: uma, quando teria forjado um telefonema atribuído ao traficante Catatau em que ele diz ter sido responsável pela morte do pedreiro e outra por ter, supostamente, jogado óleo sobre o piso da área onde a sevícia ocorreu, para despistar a perícia em busca de gotas de sangue no local. No caso da ligação de Catatau, os peritos descobriram que a voz que seria dele era, na verdade, de um policial, que ligara para um número que Santos sabia estar grampeado para imputar aos traficantes a morte de Amarildo. Na análise da promotora, o major liderava a quadrilha e estava na sede da UPP durante todo o tempo que o pedreiro era torturado. O corregedor da Polícia Militar, Cezar Augusto Tanner, que estava ao lado dos promotores do Ministério Público, afirmou que "os PMs envolvidos vão parar de trabalhar a partir de agora" e elogiou o trabalho dos representantes do MPRJ. Veja também Polícia e bombeiros buscam restos mortais de Amarildo A procura conta com a ajuda de cães farejadores e mergulhadores do Corpo de Bombeiros Amarildo foi torturado até a morte, aponta inquérito Segundo Polícia Civil, tortura de moradores era costumeira nos contêineres da sede da UPP PC diz que tortura é constante na UPP da Rocinha Polícia Civil pede a prisão de dez PMs acusados de ter torturado pedreiro Amarildo até a morte MP denuncia mais 15 policiais pela morte de Amarildo Pedreiro desapareceu em 14 de julho após ser levado por PMs até a sede da UPP da Rocinha  

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