Síndrome é a que mais mata crianças de até um ano em países desenvolvidos
Principal causa de mortalidade entre bebês de até um ano em países desenvolvidos, a síndrome da morte súbita — cujas causas são desconhecidas — muitas vezes pode ser provocada por falta de conhecimento e resistência a novas informações passadas aos pais, que vivem um verdadeiro pesadelo nos primeiros meses de vida dos filhos. A analista fiscal Isabely Rangel, de 23 anos, é um exemplo da preocupação que uma mãe tem com um filho recém-nascido. Desde que a pequena Manuela, hoje com sete meses, nasceu, Isabely nunca mais teve uma noite de sono tranquila. Durante sua gestação, ela tomou conhecimento de um amigo da família que perdeu o filho em razão do mal. “A gente se preocupa, acorda o tempo todo para ver se está respirando, se está tudo bem. Ela já está com sete meses, mas eu continuo acordando pelo menos três vezes por noite para velar pelo seu sono.” Para orientar pais e pediatras, no próximo mês, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) vai lançar uma campanha para divulgar a recomendação oficial para evitar a morte súbita e inesperada dos lactantes. De acordo com o médico pediatra Tadeu Fernando Fernandes, presidente do Departamento Ambulatorial da Sociedade Brasileira de Pediatria, os bebês devem dormir de barriga para cima, e não de lado ou de bruços, como muitos pais e até médicos acreditam. A recomendação da sociedade foi baseada em estudos clínicos internacionais que mostraram que colocar o bebê para dormir de barriga para cima pode reduzir em até 70% o risco de morte súbita. Segundo o pediatra, praticamente todos os países desenvolvidos adotam essa posição para evitar o problema. “Um levantamento realizado nos Estados Unidos aponta que depois que os pais foram conscientizados a não colocarem seus bebês para dormir de bruços houve uma redução de 50% nos casos de morte súbita.” Um outro problema seria o fumo durante a gestação e no período de amamentação. “O tabagismo durante a gestação e o primeiro ano de vida aumenta o risco de morte súbita em quatro vezes.” Uma outra causa de morte súbita seria o hábito que as mães têm de cobrir a criança até a cabeça. “De todos os óbitos pela síndrome, de 16% a 22% dos casos são verificados em bebês encontrados com a cabeça coberta ou enrolada em cobertores, inclusive os casos aumentam bastante no inverno”, explicou o médico. Segundo o especialista, é conveniente que os pais do bebê fixem bem os lençóis e roupas de cama, pois dessa maneira o bebê tem menos possibilidade de deslocar-se para baixo da roupa de cama. Outro fator de risco está relacionado às síndromes aspirativas. “A criança nunca deve mamar ou comer deitada ou dormindo. Ela tem que mamar acordada. É mania de mãe achar que o bebê está dormindo com fome. Se ele dormiu, é porque não está com fome”, ressaltou. O especialista também orienta que a criança nunca seja colocada para dormir com o estômago muito cheio. Segundo as últimas estatísticas, na Europa morrem por ano 5 mil lactantes vítimas da síndrome da morte súbita. Enquanto a mortalidade infantil tem diminuído significativamente nos países desenvolvidos, a síndrome tem aumentado em importância. Apesar das pesquisas realizadas pelo mundo ainda não há respostas claras sobre as causas da síndrome. Hoje em dia pode-se reduzir os riscos, mas ainda se desconhece os mecanismos que levam à morte. É uma das doenças mais desconhecidas nos nossos dias, considerada um processo causado por diversos fatores, incidindo em um lactante aparentemente sadio, que altera sua respiração e conduz a sua morte inesperada enquanto dorme. Um levantamento realizado pela Academia Americana de Pediatria mostra que o risco maior é para bebês de dois a cinco meses. Após um ano de idade, o risco cai para 5%. No Brasil, não há dados estatísticos concretos sobre a incidência da morte súbita e acredita-se que o problema esteja subestimado — o diagnóstico depende de necropsia. Também há poucos estudos publicados sobre o tema. Um deles, realizado recentemente, revisou todos os óbitos domiciliares. “O levantamento feito em 2012 concluiu que uma em cada mil crianças é vitima de morte súbita.”