EDITORIAL

Mordomias e a legítima representação

06/11/2013 às 05:00.
Atualizado em 24/04/2022 às 22:55

Chegam a ser um acinte as mordomias e benefícios que os políticos se outorgam, como senhores do privilégio de representar a sociedade e merecedores de um tratamento diferenciado que choca e provoca a indignação dos cidadãos. De tempos em tempos, vazam as informações sobre as despesas com verbas de representação, passagens aéreas, luxuosas residências funcionais, pagamento de assessores, aluguel de jatos, em conjunto de benefícios que superam em muito o que de fato se paga pelo exercício das funções públicas.Em alguns casos, as despesas chocam pela irrealidade, como no caso da licitação para compras da residência oficial do presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL), que, entre outros, prevê abastecer a despensa do político alagoano com alimentos que totalizam a bagatela de R$ 43,3 mil para os próximos seis meses. Isso porque no primeiro edital a previsão era de um gasto de R$ 98 mil, que foi submetido a cortes (Correio Popular, 4/11). É verdade que parte das despesas fazem a cota de representação de uma alta autoridade do País que se obriga protocolarmente a receber convidados. Mas parece um tremendo contrassenso o povo bancar com uma mordomia de tal naipe, que foge totalmente da realidade nacional, até porque esta receita se incorpora aos muitos outros benefícios que são incorporados aos ganhos dos políticos.As mordomias dos cargos públicos sempre estiveram na mira dos fiscalizadores e, embora legalizadas por manobras dos próprios beneficiados, nunca receberam ampla aceitação por parte dos eleitores. Historicamente, o repúdio às mordomias sempre esteve presente na vida pública brasileira, chegando mesmo a pavimentar a eleição de um presidente ao Palácio do Planalto, ele que depois depois se revelou um dos maiores entusiastas das benesses oficiais. Parece uma torrente inesgotável a cobrir os políticos de vantagens, como se o exercício da função pública fosse um fardo insuportável e as exigências de qualificação justificassem o alto preço que se pagaria a profissional de verdade.Não é o caso de defender hipocritamente que os representantes dos cidadãos não devam receber condições de se manterem dignamente e estarem aptos a receber convidados. Mas para tudo tem um limite. É uma questão de bom senso e respeito, até porque se sabe que muitas destas e outras despesas apenas formam uma cesta de benesses autoconcedidas a título de reconhecimento da importância do cargo.O repúdio às mordomias sempre esteve presente na vida pública brasileira, chegando mesmo a pavimentar a eleição de um presidente.

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