Protesto no bairro Chapadão assustou as próprias famílias, que temeram pelo fogaréu
Fogo consome pneus deixados em rua e fumaça invade as casas (Antonio Trivelin/AAN)
No domingo de Páscoa, por volta das 20h, uma mãe empurrando o carrinho de bebê tropeçou em um dos diversos buracos da rua dos Saracuras, no bairro Chapadão, em Piracicaba, caiu e derrubou a criança. O retificador Nilson Marcelo, 31, que passava pelo local, socorreu as duas levando-as a um Pronto-socorro.
Essa é só uma das situações que deixaram moradores do lugar revoltados e que nesta segunda-feira (8) queimaram pneus em dois cruzamentos da rua. É o segundo protesto, em cinco dias, e pelo mesmo motivo: buracos no asfalto. O primeiro foi na rodovia do Açúcar, onde a pista ficou fechada por cerca de uma hora.
No caso do Chapadão o protesto passou de 60 minutos de duração. Apesar do fogo, foi um protesto pacífico. A dona de casa Sueli Jodal, 59, disse que as reivindicações para melhorias ocorrem há meses. "A situação está crítica e ninguém toma providência. Vieram aqui, fizeram um remendo de um dos buracos e foram embora. Os maiores continuam do mesmo jeito", declarou.
O ajudante de produção Renato Victorino de Almeida, 26, disse que não bastassem os buracos, caminhões circulam o tempo todo pela rua abrindo-os cada vez mais. "A gente paga caro por esse asfalto. Precisamos de atenção nesse sentido", acrescentou.
Pelo fato de os pneus terem sido queimados em cruzamentos, o vento direcionou a fumaça para algumas casas e moradores tiveram de abandoná-las. "Peguei meu filho e vim para a rua porque não aguento ficar dentro de casa inalando esta fumaça", disse uma moradora que preferiu não ser identificada.
"Estava com os varais cheios de roupas, mas nem vou reclamar porque o protesto vai ajudar a melhorar a minha rua também", destacou. Outra mulher, cujos pneus ficaram queimando na porta de sua residência, ficou com as paredes da casa chamuscadas pelo fogo e escuras. Teve quem se assustou também. "Pelo amor de Deus, pelo amor de Deus, corre tirar a TV da tomada, senão vai queimar", gritava outra moradora a um familiar, porque as labaredas chegavam perto de árvores e da fiação.
A Polícia Militar cercou as ruas próximas e ficou observando a movimentação. Nenhum incidente foi registrado. Um homem que tentava filmar o protesto foi abordado e outro que desacatou policiais da Força Tática foi detido para averiguação.
De acordo com o sargento Alexsander, do Corpo de Bombeiros, por ser derivado de petróleo, o pneu libera uma fumaça altamente tóxica, com muita fuligem, podendo causar sérios problemas respiratórios. Para apagar o incêndio em uma parte dos pneus, ele e o soldado Corrêa utilizaram cinco mil litros de água.
Prefeitura
A Secretaria Municipal de Obras informou que havia programada a operação tapa-buraco no Chapadão para o mês passado. Contudo, em virtude das chuvas, o serviço teve que ser adiado. Nesta terça-feira (9), um engenheiro da equipe de tapa-buraco irá ao bairro para atualizar a situação das ruas e estabelecer nova programação.
Em alguns casos, como a rua das Saracuras, o tapa-buraco não será suficiente para sanar a questão. Há casos, segundo a prefeitura, em que será necessário aplicar a eliminação de borrachudos (recuperação do pavimento).