Reivindicam também a instalação de uma nova área de lazer que ofereça atividade para crianças
Moradores do Água Branca promoveram um protesto em frente ao campo de futebol de areia do bairro, na segunda-feira (6). Eles reivindicam a construção de um posto de saúde e da instalação de uma nova área de lazer que ofereça atividade para crianças, adolescentes e idosos.
A indignação da população teve início na sexta-feira, quando começaram a chegar blocos de concreto no campo de areia e um muro começou a ser erguido. "Não sabíamos que reforma era essa, nada foi informado aos vizinhos e à Associação dos Moradores. A decisão foi de não deixar a obra continuar, até tudo ficar esclarecido", disse a presidente da Associação dos Moradores do Bairro Água Branca, Rosângela Callegaro.
De acordo com ela, a população não é contra o campo, mas gostaria de discutir com a Prefeitura, as melhorias que o bairro precisa. "A informação que recebemos é que a Prefeitura conversou com alguns meninos, para construir o muro para evitar que a areia saia do campo. O problema é que ninguém sabe quem são esses meninos e, além disso, o bairro tem uma associação constituída, com representantes eleitos e que já discutiu e elencou as prioridades no Orçamento Participativo", disse Anderson Mengatto, diretor da entidade.
Segundo ele, a região onde está o Água Branca tem sete bairros, nos quais residem 12 mil pessoas, que têm de percorrer uma distância de cinco quilômetros até a Unidade Básica de Saúde do Caxambu, para ter atendimento médico. "Muitas pessoas têm dificuldade para ir até lá. Sem contar que a unidade já atende também outros bairros", afirmou o diretor.
Outro problema é a falta de médicos. "Tenho 73 anos. É demorado para conseguir consulta e no dia que a gente vai, o médico falta. Isso já aconteceu comigo", disse Julia Castan.
A jovem Adriele Caroline, 16, disse que levava o filho de 1,2 ano para consulta no Jardim Oriente. "Há três meses mudei para cá e agora não posso mais levá-lo no Oriente. Tenho de ir ao Caxambu e é longe. A passagem é cara R$ 3,40 (agora R$ 3,00)", comentou.
Para Cintilia Paes de Goes Muniz, 57, a distância é um problema para o marido que fez cirurgia cardíaca. "É muito longe para ir até o Caxambu. Se tivesse um posto aqui, seria mais fácil", comentou.
Ônibus
Moradores reclamaram do estado de conservação dos ônibus que atendem o bairro. "A linha do Jardim Oriente tem somente veículos velhos, que quebram sempre", disse a ajudante de serviços gerais Rosa Aparecida dos Santos, 57.
Ela usa o transporte coletivo todos os dias. "Os três ônibus da manhã, das 7 horas às 7h15 passam juntos. O primeiro vai direto, sem parar para ninguém, o outro também e fica o terceiro que vai pegando todo mundo e fica lotado".
Ela também reclama do atendimento dos motoristas. "Quando fui descer, fiquei presa na porta e mesmo gritando muito, pedindo para o motorista parar, ele andou mais de um quarteirão comigo pendurada na porta. Fiz a reclamação à Semuttran, mas não aconteceu nada. É muito descaso com a gente que trabalha e depende do ônibus".
Lazer
Os moradores informaram ainda que o lugar onde está o campo de areia, também é utilizado pelos usuários de drogas. "As crianças ficam brincando na rua, mas não vêm aqui. Não adianta manter esse local assim", disse uma moradora que pediu para não ser identificada. Outros comentaram que o muro, no entorno do campo, iria aumentar o problema de uso de drogas.
Para eles, o ideal seria construir uma área de lazer com campo, playground e academia ao ar livre e uma pista de caminhada, em outra área institucional do bairro.
Reunião
A assessoria do vereador José Antonio Fernandes Paiva (PT), que foi acionado pelos moradores, informou que ele irá solicitar o agendamento de uma reunião entre a diretoria da entidade com os secretários de Saúde, Pedro Mello e de Esportes, João Francisco Rodrigues de Godoy. "O objetivo é que eles possam conversar com a população e entender as reivindicações e os problemas do bairro".
A assessoria ressaltou ainda, que o vereador poderá solicitar ao governo federal recursos para a construção de uma unidade de saúde no bairro. "O governo federal tem programa para isso, que é feito em parceria com os municípios, que cedem os funcionários para a construção e a área onde a unidade será instalada".
Resposta
A Prefeitura de Piracicaba, em nota, informou que os pedreiros foram contratados para reformar a área de lazer do bairro Água Branca. "O pedido de reforma foi discutido entre o secretário municipal de Defesa do Meio Ambiente (Sedema), Rogério Vidal, com um grupo de meninos que utiliza o campo para jogar futebol".
A nota diz ainda que a obra não será interrompida. "Esta é a ordem do secretário à empresa e, caso os pedreiros sejam de novo ameaçados, a empresa será orientada a elaborar boletim de ocorrência na Polícia Civil".
Com relação ao atendimento de saúde, a Prefeitura afirmou que os moradores do bairro Água Branca são atendidos por pelos Programas de Saúde da Família do Astúrias e do Parque Primeiro de Maio.