Área do Campo Belo abriga grupo de 44 famílias e será destinado a construção de uma praça
Vanda e Nagili: 'vamos ficar na frente da casa e vão ter que passar por cima' ( Gustavo Tilio/Especial para a AAN)
Moradores de uma área da Prefeitura de Campinas invadida há mais de 20 anos, no bairro Campo Belo, se recusam a deixar suas casas e prometem resistir. Eles foram notificados pela Secretaria de Habitação na sexta-feira e receberam um prazo de 48 horas para desocupar os imóveis — que termina nesta segunda-feira (21). O local abriga um grupo de 44 famílias e será destinado para a construção de uma praça. A medida faz parte da estratégia da Prefeitura de intensificar a fiscalização contra áreas invadidas. Algumas famílias que moram no local onde será construída uma praça entraram na Justiça para permanecerem no lugar, mas a ação foi julgada improcedente. Por isso, a reintegração de posse vai depender de uma decisão judicial. “Recebemos uma carta da Prefeitura dizendo que preciso sair até amanhã (hoje), mas não tenho para onde ir. Vamos ficar na frente da casa e vão ter que passar por cima”, disse a auxiliar de limpeza Vanda da Conceição Silva, de 37 anos, mãe de cinco filhos. “Eles (Prefeitura) não dão uma solução para a gente. Se eu tivesse para onde ir, acha que ficaria aqui?”, indagou a auxiliar de limpeza, que mora em uma residência na área invadida há cerca de 10 anos. Vizinha de Vanda, a adolescente Rayanne Galdino, de 17 anos, também ignorou a notificação da Prefeitura e afirma que irá permanecer no imóvel. “Eu estou grávida e esse é o único lugar que a gente tem, por isso vamos ficar”, disse a adolescente. Bernardo Braga, de 56 anos, sobrevive fazendo bicos e mora na área invadida no Campo Belo há aproximadamente dois anos. No mesmo terreno moram três famílias, incluindo oito crianças. Ele explica que já sabia que a área fora desapropriada pela Prefeitura, mas pretende lutar para permanecer em sua casa. “Estou esperando ver o que acontece, mas não pretendo sair. Quando vim para cá disseram que a região já tinha sido desapropriada, mas em dois anos não fizeram nada aqui”, contou. O secretário de Habitação, Ricardo Chiminazzo, informou na última sexta-feira que 28 das 44 famílias residentes nas áreas ocupadas irregularmente receberam as chaves de casas populares há mais de dois anos, mas se recusam a ocupá-las. Veja também Alunos deixam reitoria hoje após 18 dias de ocupação Desde quinta-feira, estudantes realizam faxinão e prometem consertar portas e vidros Justiça reintegra fazenda invadida por integrantes do MST Cerca de 180 pessoas estão acampadas; não aceitaram ordem de despejo para deixar a área