CÉLIA FARJALLAT

Morada dos deuses

26/09/2013 às 05:00.
Atualizado em 25/04/2022 às 01:31

Certos povos antigos consideravam as árvores a morada dos deuses, celebravam cerimônias junto aos carvalhos e puniam os transgressores. Alguns povos modernos devastam florestas, queimam e destroem simples árvores de parques e jardins movidos pela ignorância ou pela sede de lucro, ou por ambas. Machados,serras, máquinas sofisticadas ou simplesmente o fogo aniquilam com rapidez e técnica os gigantes da floresta.Penso em toda esta destruição, e levanto contra ela meu protesto indignado. Claro, muitas árvores devem ser sacrificadas porque são úteis, indispensáveis à vida humana. Fornecem madeira, resina, látex, produtos básicos. Devem ser substituídas para que a Terra não fique tão desolada como Marte e a Lua, por exemplo.Mas, minha gente, as queimadas são certamente criminosas na maior parte dos casos. Monteiro Lobato, naquele seu estilo saboroso e vivo nos conta de casos de onde matas arderam, simplesmente, para que ali o Jeca Tatu criasse meia dúzia de vaquinhas magras, ou plantasse dois canteiros de milho ou de abóbora.Leio ainda, no Estadão, que seis empresas da França, Inglaterra, Grécia e Alemanha, que atualmente exploram madeira no território africano, preparam-se para atuar no Brasil seguido das asiáticas, que adquiriram madeireiras brasileiras falidas ou em dificuldades. Um dos objetivos é abastecer as indústrias internacionais de celulose, e por isso, devem ser plantadas espécies de árvores como a pinus. Nesse caso menos mal. Mas, claro, vão derrubar matas naturais. E, se o negócio é tão inocente que desenvolvam em sua terra. Não aqui.Devido ao descontrole da exploração, o maior pólo madeireiro do país, Paragominas, no Norte do Brasil, transformou-se em gigantesca serraria. Lá funcionam 200 serras, e haja árvore para tanto explorador. A denúncia insiste na técnica rudimentar, nos grandes fornos onde se queimam restos de madeira para obter o carvão, e pior ainda: no trabalho perigoso das crianças, naturalmente exploradas pelas empresas.A natureza vinga-se dos que a exploram. E dia virá em que o deserto toma conta de áreas antes bem arborizadas e férteis. As matas ciliares, isto é, as que se erguem acompanhando os rios quando destruídas trazem resultados funestos. Todos sabem disso mas quem se importa? A árvore é vida, alegria, benção. Merece ser cuidada, protegida e amada. E sejamos práticos, desde que não podemos salvar dos exploradores, vamos, ao menos cuidar da árvore de nossa rua, que, muitas vezes morre de sede sob sol de rachar.E agora um apelo: que nas escolas, as professoras ainda ensinem a importância e o valor, a beleza das árvores. A Festa das Árvores ( 21 de setembro ) era comemorada nas escolas. E as crianças cantavam, enaltecendo o valor das árvores, as florestas, as flores. Ah, bons velhos tempos !

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