ig-carlo-carcani (AAn)
Muita gente olha para a Major League Soccer como uma liga de futebol condenada ao ostracismo eterno. Quem pensa assim acha que a falta de tradição dos clubes, todos muito novos, a grande quantidade de jogadores desconhecidos e a falta de interesse dos norte-americanos pelo futebol jogado com os pés são fatores que vão impedir a MLS de ter relevância no cenário mundial. Eu faço parte da turma que aposta em um destino bem diferente. O potencial de crescimento da MLS é enorme. A liga foi fundada em 1993, um ano antes da Copa do Mundo realizada nos Estados Unidos. Na época, o interesse dos norte-americanos pelo futebol era insignificante. E mesmo assim, num país em que quatro grandes e tradicionais ligas de outros esportes (NBA, NFL, NHL e MLB) fazem um enorme sucesso, a MLS conquistou seu espaço no mercado americano. Nesses 22 anos, a MLS foi se organizando, investindo na base e cativando seu público. A evolução gritante pôde ser constatada na Copa do Mundo de 2014. Nenhum país mandou mais torcedores ao Brasil do que os Estados Unidos. E cada gol da equipe dirigida pelo técnico Jürgen Klinsmann — que inclusive eliminou Portugal de Cristiano Ronaldo na primeira fase — foi celebrado com euforia por torcedores que saíram de casa para acompanhar os jogos da Copa em telões. Agora a MLS entra em uma nova fase. Depois dos pioneiros Beckham e Henry, vários outros jogadores de nível internacional como Kaká, Lampard e Gerrard começam a migrar para os Estados Unidos. A presença de jogadores desse nível não apenas qualifica a MLS, como também lhe garante maior visibilidade, melhores contratos com a TV e, claro, mais público.Um levantamento da ESPN mostra que apenas os seis jogos do Orlando City em casa tiveram mais torcedores do que os 17 jogos das duas primeiras rodadas do Brasileirão que foram realizados com portões abertos. É preciso levar em consideração que essa é a temporada de estreia do Orlando na MLS e que sua campanha é apenas razoável. Ainda assim, o clube que investiu na contratação de Kaká vendeu 224.667 ingressos. A média, de 37.446 torcedores por partida, é a maior já registrada por um estreante na liga. Enquanto isso, o maior campeonato do “país do futebol” vendeu 215.323 bilhetes em 17 jogos (média de 12.666, número três vezes menor do que o obtido pelo City). Nesse cenário de crescimento, os clubes da MLS seguem correndo atrás de outras estrelas. Por aqui, vários times estão perdendo peças importantes porque não conseguem pagar seus salários. Ainda assim, alguns acham que a MLS está condenada. Não é o que parece.