CANDIDATO A PAPA

Missa de Dom Odilo Scherer chama a atenção no Vaticano

Metade dos frequentadores da celebração neste domingo (10) era composta pela imprensa

Agência Estado
10/03/2013 às 18:10.
Atualizado em 26/04/2022 às 01:20

O cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo e um dos nomes mais cotados para a sucessão de Bento XVI, com certeza sabia que sua missa seria muito concorrida, mas fez um ar de surpresa ao chegar às 10 horas deste domingo, com meia hora de antecedência, à igreja de Sant'Andrea al Quirinale, da qual é titular, ao lado do palácio do governo, em Roma.

"Quanto jornalista para assistir à missa, que maravilha", brincou sorridente o cardeal, cercado de cerca de 50 repórteres, fotógrafos e câmeras de TV, que esperavam por ele à porta do templo dos padres jesuítas, construção de planta arredonda para 80 pessoas sentadas, bem no centro da cidade.

Não era para menos. Metade do público que lotou a pequena igreja era da imprensa e não se encontrava ali para cobrir a cerimônia, mas para documentar a presença do principal concorrente do cardeal Angelo Scola, arcebispo de Milão, que celebrava na mesma hora na igreja dos Santos 12 Apóstolos, a alguns quarteirões do Quirinale. Oportunidade rara ver um cardeal de perto, pois os eleitores do conclave, que começa terça-feira (12), fugiram da imprensa desde que começaram as congregações gerais, no interior do Vaticano.

Dom Odilo cumprimentou algumas pessoas na entrada, entre elas o embaixador do Brasil na Santa Sé, Almir Franco de Sá Barbuda, e o casal italiano Maria e Carmine, ambos de 89 anos, que comemoravam 70 anos de casamento. Alguns fiéis eram membros da comunidade que frequentam a missa das 10h30, engrossados pela adesão de algumas dezenas de brasileiros que vivem na Itália.

Antes de iniciar a missa, dom Odilo pediu que todos rezassem "por esse momento importante e tão difícil, mas também cheio de esperança, que a igreja está atravessando". Não fez referência direta ao conclave, mas todos entenderam que o cardeal estava pedindo a intercessão do Espírito Santo para que o conclave escolha o papa ideal para enfrentar e vencer uma situação de crise. Ele falou o tempo todo em bom italiano, exceto quando saudou em português o embaixador brasileiro.

O sermão durou 22 minutos. Dom Odilo comentou a parábola do filho pródigo - a história do jovem que saiu de casa e dilapidou a herança recebida do pai, enquanto o irmão mais velho continuava trabalhando na lavoura da família. O cardeal disse que, como na parábola, Deus está sempre disposto a acolher de volta o pecador que abandona sua fé e se afasta da Igreja. Nenhuma alusão à situação que a igreja atravessa, mas o cardeal insistiu na misericórdia, na reconciliação e no perdão, mensagens, segundo ele, inspiradas na parábola.

O embaixador Almir Barbuda, que disse ter comparecido à missa em deferência a dom Odilo, observou ser impossível prever o resultado do conclave, dado o sigilo do processo de eleição do papa. "Se for eleito um papa brasileiro, será muito bom e a expectativa é grande", declarou. A seu lado, o fundador do Shalom, Moisés Azevedo, de Fortaleza (CE), informou que os 40 mil membros de seu movimento - sacerdotes, celibatários e famílias - estão rezando pela eleição do papa. "O papa é um dom de Deus, seja quem for escolhido, mas se for um brasileiro ficaremos ainda mais felizes", comentou.

Além do responsável pela igreja de Sant'Andrea, padre Giovani Da Manna, 16 sacerdotes concelebraram a missa com dom Odilo. Entre eles, monsenhor Sérgio Tani, um brasileiro que acompanhou o cardeal Cláudio Hummes, ex-arcebispo de São Paulo, quando foi nomeado prefeito da Congregação para o Clero, e acabou ficando em Roma.

Antes de terminar a celebração, dom Odilo cumprimentou o casal Maria e Carmine Pensighetti, ambos de 89 anos, que comemoravam, com três filhas, quatro netos e três bisnetos, seus 70 anos de casamento. "Que beleza, isso ainda é possível!", disse o cardeal

Quase todos os cardeais aproveitaram o fim de semana de descanso antes do conclave para celebrar a missa nas igreja das quais são titulares. Dom Cláudio Hummes celebrou às 10 horas na igreja de Santo Antônio de Pádua, perto do Coliseu. O arcebispo de Aparecida, dom Raymundo Damasceno Assis, presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), preferiu celebrar à tarde, às 18 horas, na Immaculata al Titurbino.

Dom Geraldo Majella Agnelo, arcebispo emérito de Salvador (BA), celebrou no sábado (09) e dom João Braz de Aviz, que mora em Roma, avisou que não celebraria em sua igreja. Prefeito da Congregação dos Institutos da Vida Consagrada e Sociedades da Vida Apostólica, e também cogitado para a sucessão de Bento XVI, ele é um dos cardeais mais discretos entre os 115 eleitores

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