'Missão é criar experiências únicas'

Carlos Jereissati Filho comanda, desde 2005, a Iguatemi Empresa de Shopping Centers. Não à toa, o CEO tem por Campinas apreço especial. À época da construção do Shopping Iguatemi Campinas, já delineava alguns traços do futuro que pretendia a si, à marca e à cidade. Era um garoto em 1980, então, mirou-se no exemplo. "Aprendi muito com meu pai apenas de olhar. Ele nos incentivou a trabalhar e a nos interessar pelos negócios da família. Herdei esses conceitos e acredito que eles fazem total diferença na gestão de nossos empreendimentos", observa, referindo-se ao empresário cearense Carlos Jereissati, que assumira os negócios da família aos 17 anos. Na próxima quinta-feira, com a inauguração da quinta expansão, o Iguatemi Campinas passa a ser o maior complexo de shopping center do grupo, com 356 lojas (104 na ala nova) e 106,7 mil metros quadrados de área bruta locável. "Olhando para trás, a verdade é que parece que foi ontem que começamos, porque a trajetória de crescimento da cidade e da região foi acompanhada de perto pelo shopping", pontua ele, nesta entrevista. O atual cenário econômico e as constantes mudanças no comportamento do consumidor parecem não assustar o empresário, atento à inovação e à necessidade de se propiciar experiências de consumo únicas. "É fundamental agir com transparência, organização e ter uma estratégia de curto e também de longo prazo", afirma. Metrópole - A rede Iguatemi empreendeu de forma arrojada no mercado de shopping centers ainda nos anos 70. Desse exemplo, que lição aprendeu como empresário e da qual não se aparta? Carlos Jereissati Filho - Costumo dizer que a experiência de passar por todas as áreas da companhia foi fundamental para que eu alcançasse a posição de presidente da rede, ao longo de uma trajetória de mais de 20 anos. Sempre pondero para minha equipe que é essencial vivenciar o dia a dia de cada um dos shoppings. Prefiro estar perto, circular pelos corredores, acompanhar o desenvolvimento e pensar em inovações do que receber relatórios em minha sala. Na minha opinião, todo líder precisa trabalhar focando em três principais pontos: estratégia, operação e, principalmente, gente. Quando menino, o senhor era um garoto quando acompanhou de perto as obras do Iguatemi Campinas. O que mais o impressionou naquela construção e, mais ainda, na figura de seu pai naquele momento? O cuidado com os detalhes. Aprendi muito com meu pai apenas de olhar. Desde pequeno, ele nos incentivou a trabalhar e a nos interessar pelos negócios da família. Herdei esses conceitos e acredito que eles fazem total diferença na gestão de nossos empreendimentos. Afinal, não existe receita. Hoje, quando vou ao shopping, observo tudo separadamente e com naturalidade. Dado tanto tempo no negócio, é simples para mim prestar atenção em tudo ao mesmo tempo, vendas, marketing, serviços. Meu olhar está sempre atento. Que característica define sua gestão, iniciada em 2005? A missão foi crescer a companhia preservando a cultura e o DNA do grupo. Trabalhamos focados nos valores de pioneirismo e inovação, e é por isso que fizemos tantos shoppings com a mesma qualidade e tanto sucesso, como Iguatemi Brasília, JK Iguatemi e Iguatemi Ribeirão Preto. Nos últimos anos, trouxemos marcas internacionais para o Brasil, entre elas Burberry, Prada e Christian Louboutin. Criamos uma revista para conversar diretamente com nossos clientes, lançamos para cada empreendimento um aplicativo capaz de localizar lojas e restaurantes, traçar rotas do ponto de partida até o local e operação desejados, consultar onde se estacionou o carro, agendar eventos preferidos e conectar-se por meio de redes sociais. Com cada uma dessas atividades, reforçamos nossa missão de criar experiências únicas e memoráveis de consumo e lazer para os clientes. Somos motivados por isso. O que o Iguatemi Campinas representa para o grupo, 35 anos após sua inauguração? Temos um carinho especial pelo Iguatemi Campinas. A história prova que nossa aposta em construir o primeiro shopping do Interior de São Paulo na região de Campinas, que na época tinha menos de 1,5 milhão de habitantes, foi vitoriosa. Olhando para trás, a verdade é que parece que foi ontem que começamos, porque a trajetória de crescimento da cidade e da região foi acompanhada de perto pelo shopping. O que podemos destacar na expansão? Chegam marcas inéditas na região, como GAP, Sephora, Zara Home e Diesel. A gastronomia é outro atrativo, com a inauguração de Coco Bambu, PF Chang's, Johnny Rockets, Emporio Dinis, Oil & Vinegar e rede Abbraccio, que acaba de vir para o País. Para tornar o ambiente mais aconchegante e inovar no design, desenvolvemos um jardim interno aberto, lembrando o do tradicional Iguatemi São Paulo. Vale ainda destacar o sistema de identificação de vagas para carros, que chega junto dos três novos pisos de estacionamento. Como seria uma experiência de compra ideal? Aquela em que todo o percurso foi encantador. A experiência de compra começa no momento em que o cliente sai de casa e se desloca para o shopping. Ele precisa acessar o empreendimento tranquilamente, encontrar uma vaga, achar os produtos que deseja, sentar num bom restaurante ou comer rapidamente no fast-food e, ao fim do processo, ter sua expectativa atendida. Minhas equipes estão em busca não só de agradar o que nosso cliente já conhece, mas de surpreendê-lo. É por isso que realizamos muitas ações de marketing e intervenções no mall. O grande desafio é tornar a experiência de compra excelente e completa, com conforto e qualidade, de modo que se encontre tudo o que se precisa num único lugar. Como será o shopping center do futuro? Inovação é um dos principais pilares da Iguatemi. Temos uma estratégia digital bastante forte e, nos últimos anos, estivemos na vanguarda ao sermos a primeira companhia do setor a produzir conteúdo. Nossas clientes contam, por exemplo, com guia de estilo no site e no aplicativo dos shoppings. A tecnologia digital será muito vista não só do ponto de vista dos softwares, mas nos nossos malls. Cada vez mais o público verá tecnologia aplicada em várias propriedades, como banners eletrônicos. De modo geral, marcas, empresários e lojistas estão prontos para essa nova realidade? Tenho acompanhado de perto a preocupação de marcas e lojistas em continuar evoluindo suas relações com os consumidores tanto no ambiente on-line quanto no off-line. Hoje, acredito que todos estão bem preparados. Qual a melhor maneira de reagir a uma crise? É fundamental agir com transparência, organização e ter uma estratégia de curto e também de longo prazo. Ter prudência no curto prazo, sabendo entender o momento, mas nunca perder a visão de longo prazo, realizando os investimentos necessários para fazer o grupo continuar crescendo com disciplina financeira, cuidado e sem perder a perspectiva. Na Iguatemi, reunimos o melhor time para entender o cenário e dimensionar a melhor forma de equalizar a situação. E que legado pretende deixar? Queremos criar espaços onde as pessoas sejam felizes. Trata-se do mais importante legado para as futuras gerações.