Militares do Exército forneciam armas e munições a quadrilhas
Polícia Civil desmonta esquema dentro de quartel; dois homens foram presos
Munição do Exército era desviada para quadrilhas de roubos a bancos (Divulgação)
A Polícia Civil prendeu nesta quarta-feira (6) dois militares do Exército de Campinas suspeitos de fornecerem armas e munições para quadrilhas especializadas em roubo a bancos e explosões de caixas eletrônicos. O 3º sargento Ivan Carlos dos Santos, de 40 anos, estava havia pelo menos 20 na carreira militar e é suspeito de desviar os projéteis do quartel. O segundo acusado, o soldado Geraldo Júnior Rangel dos Santos, de 21 anos, seria o intermediário entre a quadrilha e o sargento. Os dois foram detidos na manhã desta quarta na unidade militar no bairro Chapadão. Segundo a polícia, o material era desviado durante treinamento de tiro do Exército.
A ação foi concluída pela 5ª Patrimônio (Delegacia de Investigações sobre Roubo a Bancos) do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic). Com um dos militares foram apreendidos cartuchos calibre 7.62mm.
Em busca realizada na casa dos acusados, as equipes do Deic e da Polícia do Exército também encontraram 170 cartuchos de diversos calibres. Segundo o delegado Pinheiro Lopes, os militares cobravam, em média, R$ 10 por munição aos bandidos e ofereciam pistolas calibre 9mm por R$ 4.300.
Segundo informações do Deic, a descoberta do envolvimento dos militares com os criminosos foi possível durante as investigações dos casos de explosões de caixas eletrônicos na região. O processo resultou em prisões de três integrantes da quadrilha, no dia 18 de fevereiro. O trio foi detido quando se deslocava para um novo ataque. Com isso, o próximo passo foi identificar os fornecedores de munições aos criminosos até chegar aos militares.
Em nota enviada à emprensa, o Exército informou que o sargento Santos está preso "à disposição da Justiça no quartel do 2° Batalhão de Polícia do Exército, em São Paulo." O outro militar, de 21 anos, foi detido, mas a polícia não confirmou se ele continua preso. Segundo informações da assessoria de imprensa, a polícia aguarda a decisão da Justiça em relação ao pedido de prisão temporária contra o soldado.
Casos
O número de casos envolvendo quadrilhas especializadas em roubos de caixa eletrônico desafia as polícias Militar e Civil. Os casos de explosões a caixas de autoatendimento cresce a cada dia em Campinas desde o ano passado. Segundo levantamento feito pela reportagem, foram contabilizados cerca de 60 casos em 2012. E até o inicio de fevereiro foram computadas 16 ocorrências na cidade e região.
