ZEZA AMARAL

Meus times de coração

Zeza Amaral
16/03/2015 às 23:38.
Atualizado em 24/04/2022 às 02:10

Já faz mais de uma semana que venho monitorando a minha pressão sanguínea, duas vezes ao dia. Ela parece a Ponte Preta: nunca se sabe se estará bem ou mal. Ou se empata.   Acordei no domingo pronto para ver a gloriosa Macaca entrar em campo. Mas, antes, tinha compromisso marcado com o meu primeiro time: a Democracia Futebol Clube, uma equipe renascida em 1985, após ter sido rebaixada brutalmente ao submundo político pelo golpe militar de 64. E os democratas brasileiros fomos às avenidas e praças para mostrar a força da sua torcida, de maneira pacífica, apenas levando suas bandeiras verde-amarelas e cartazes feitos em casa. E fizemos bonito nas arquibancadas das ruas brasileiras: nosso time ganhou de goleada e não houve um tumulto sequer antes, durante e após a partida. Uma boa lição às torcidas organizadas.   Só perdi o panelaço da noite – e explico o motivo.   Três horas andando debaixo de sol quente e mormacento, cheguei em casa com a pressão no topo da tabela (a mesma que me impediu de escrever a crônica da semana passada). E troquei o cimento do Majestoso pelo sofá da sala. E vi, pela tevê, a Gloriosa Ponte Preta entrar em campo; e, ainda meio rouco de tanto cantar na passeata, berrei alto o nosso primeiro (e único) gol da partida contra as traves do Rogério Ceni, enterradas em sal grosso que, segundo o ex-craque e comentarista Neto, não ajudam em nada. Pois é, perdemos vários gols, chutamos uma bola no travessão e acabamos perdendo de virada. Sal grosso e incompetência, enfim, é uma combinação perigosa pelo visto.   Findo o jogo, achei que era hora de aferir a pressão e fui ao meu já conhecido pronto socorro da Beneficência Portuguesa: 20 por 11 a pressão, medida pela simpaticíssima enfermeira Mariana. Enquanto aguardava a consulta com o médico, fiquei uns vinte minutos pensando na Democracia Futebol Clube e, é claro, nas seis décadas que dedico amor à Ponte Preta. No consultório, o médico mediu a minha pressão: 12 por 8 no braço direito; 14 por 8 no esquerdo.   Ao chegar em casa, minha bela companheira me contou que houve panelaço nas varandas dos prédios, comemorando a vitória da Democracia. E hoje vou ao cardiologista. Quero me prevenir para quando os meus dois times entrarem em campo novamente. E também comprar mais panelas. E vamos que vamos.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Correio Popular© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por